Mercado reage mal a Lula em ministério

    Especulação sobre a decisão do ex-presidente de assumir cargo público faz Bovespa cair 1,55% e dólar subir 1,48%, cotado a R$ 3,646
    O mercado financeiro não aceitou bem a informação de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria aceitado assumir um ministério. Os rumores fizeram a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) despencar mil pontos em 15 minutos, fechando em 48.867 pontos, com queda de 1,55%. O dólar comercial, por sua vez, subiu 1,48% em relação ao real, fechando a R$ 3,646. O movimento foi bem distinto das quedas registradas na última semana, quando o aprofundamento da crise política, fez com que o mercado apostasse que o impeachment estava próximo.

    A desvalorização do real vinha forte desde o início das transações. Às 15h40, houve um momento de baixa da moeda norte-americana, quando foi noticiado que a Justiça de São Paulo havia encaminhado ao juiz Sérgio Moro, de Curitiba, o pedido de prisão preventiva do ex-presidente Lula. Mas a curva se inverteu novamente depois das especulações sobre o ministério.

    Com os rumores de que o ex-presidente teria decidido aceitar o cargo somente para ter foro privilegiado e, assim, ser julgado no Supremo Tribunal Federal (STF), a divisa saltou para R$ 3,645 em menos de uma hora. Na avaliação de Hugo Monteiro, analista de investimentos da BULLMARK FINANCIAL GROUP, a possibilidade de Lula escapar de um julgamento de Moro, de certa forma, dificulta o prosseguimento das operações e investigações da Lava-Jato.

    Expectativa

    “Na Justiça comum, os processos têm ocorrido de forma mais rápida. Para o mercado, com o julgamento indo para a Suprema Corte, pode gerar  morosidade e interferência política maior. E, querendo ou não, o presidente Lula segue com grande prestígio e peso na política”, analisou. Caso o ex-presidente aceite, realmente, um ministério, a repercussão será cada vez mais intensa entre os agentes econômicos, com viés de alta da bolsa e queda do dólar, alerta Monteiro.

    “Para o mercado, representaria uma quebra de expectativas em relação a um desfecho que resulte na mudança de governo”, disse. Dessa forma, os investidores vão se desfazer de ativos de risco, que dão retorno maior, indo para ativos de maior segurança, como o dólar. Com a divisa ganhando força, a expectativa é de que os juros futuros também aumentem, criando uma nova exigência do investidor para aplicar o dinheiro.

     

    Fonte: Correio Braziliense

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