Temer recebe centrais sindicais

    Depois de mal-estar causado pela declaração do ministro da Fazenda sobre a necessidade de estipular idade mínima para aposentadoria, presidente em exercício marca reunião com trabalhadores para tratar da reforma da Previdência

    Ainda nem foi anunciada oficialmente e a reforma da Previdência já começou a gerar polêmica. O fato de a responsabilidade pelas mudanças terem sido transferidas para o Ministério da Fazenda e de o titular da pasta, Henrique Meirelles, ter declarado a intenção de retomar a proposta de idade mínima causou mal-estar entre aliados do presidente em exercício Michel Temer.

    Para tentar acalmar os ânimos e alinhavar melhor a questão, seis centrais sindicais foram convidadas para uma reunião, hoje, com o presidente e os ministros da Fazenda, da Casa Civil, Eliseu Padilha, e do Trabalho, Ronaldo Nogueira. Os presidentes da Força Sindical, da União-Geral dos Trabalhadores (UGT), da Nova Central e da Central dos Sindicatos Brasileiros (CBS) confirmaram presença. Os representantes da CUT e da CTB, ligadas ao PT e PCdoB, não responderam ao convite.

    O deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força, contou que a entidade quer ouvir as propostas de Temer e a ideia do encontro é “acertar procedimentos”. Em conversas anteriores com representantes do atual governo, teria sido dito que nada mudaria sem ampla negociação com centrais sindicais, afirmou. “Queremos que seja o governo do diálogo, que não seja um governo que decida de cima para baixo”, acrescenta.

    Ricardo Patah, presidente da UGT, tem receio de que a falta de diálogo que ele observava na gestão Dilma Rousseff se repita no governo Temer. “Gato escaldado tem medo de água fria”, diz. “Temer falou em confiança quando assumiu o governo; queremos sinais de que o que foi prometido será cumprido.”

    Entre os pontos defendidos pelo político, estão questões colocadas por Meirelles como fundamentais ao equilíbrio do sistema e das contas públicas, como a definição de uma idade mínima e de uma regra de transição para os trabalhadores que já estão no mercado. “Se for para discutir (norma) para quem começa a trabalhar agora, até é possível. O jovem que está entrando no mercado agora vai viver 100 anos e é possível trabalhar um pouco mais”, afirmou Paulinho, que chamou de “estapafúrdia” a proposta do titular da Fazenda, na sexta-feira.

    Proposta

    As propostas analisadas pela Fazenda para salvar o sistema e garantir o pagamento de benefícios no futuro – como destacou Meirelles na primeira entrevista à frente da pasta – é estipular a idade mínima de 65 anos para homens e mulheres e unificar os sistemas público e privado. Atualmente, os brasileiros se aposentam, em média, com 57 anos.

    Na opinião do titular da Fazenda, do jeito que está a Previdência é insustentável. Há risco de as pessoas chegarem à idade de se aposentar e não terem como receber. A ideia é criar uma regra de transição que garanta o direito de quem já está no mercado de trabalho.

    Para quem preenche os pré-requisitos à aposentadoria pelas normas em vigor, até a aprovação da reforma, o direito será mantido. A Constituição garante isso aos beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

    Independentemente da regra a ser adotada para a transição, segundo Meirelles, os vários grupos com estudos avançados sobre a reforma da Previdência indicam a necessidade de estipular uma idade mínima para a aposentadoria. Para ele, “o caminho está claro: idade mínima com regra de transição”. “Que não seja tão longa, que não faça efeito, nem tão curta, que seja inexequível.

    Equipe será anunciada

    O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, deve anunciar hoje seus colaboradores na pasta e os nomes para os bancos públicos. Na última sexta-feira, primeiro dia dele na pasta, ele frustrou as expectativas do mercado quando não divulgou os nomes da equipe econômica, o que contribuiu para que a Bolsa de Valores de São Paulo fechasse em queda de 2,70% e o dólar valorizado em 1,47%, a 3,524.

    A grande expectativa se concentra na confirmação ou não do nome do economista-chefe do Itaú Unibanco Ilan Goldfajn para a Presidência do Banco Central. Ontem, o presidente em exercício Michel Temer chamou Meirelles para uma conversa. O objetivo era fechar o nome para a autoridade monetária.

    De acordo com fontes do mercado, o aceite de Ilan depende da garantia de que o presidente do BC tenha foro privilegiado.  A solução, anunciada pelo ministro, é que a garantia de que toda a diretoria do banco ficará fora do alcance da Justiça comum virá por meio de uma proposta de emenda à Constituição (PEC) a ser enviada ao Congresso.

    O único nome que o ministro da Fazenda confirmou foi o de José Godoy, como secretário executivo . Em comunicado na página pessoal no Facebook, Marcos Mendes, nome dado certo para a Secretaria de Política Econômica, negou a posição e afirmou que trabalhará na assessoria de Meirelles.

    Fonte: Correio Braziliense

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