Indicado pelo presidente interino Michel Temer para presidir o Banco Central, Ilan Goldfajn será sabatinado pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado apenas na terça-feira. Agora na oposição, o PT e o PCdoB não cederam aos pedidos da base aliada do Palácio do Planalto. Sem acordo para antecipar a análise da escolha de Ilan, a audiência com ele foi convocada para o dia em que começa a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
Além da CAE, o indicado para substituir Alexandre Tombini no Banco Central também precisa do aval do plenário do Senado. Mesmo se os aliados de Temer acelerarem o trâmite, Ilan não deve comandar o encontro do Copom, dividido em dois dias, 7 e 8 de junho. Depois de avaliado pela Casa, ainda é necessário publicar a nomeação dele e realizar a cerimônia de posse, explicou a presidente da CAE, senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR).
A petista negou o pedido para acelerar o cronograma e marcar a sabatina hoje, como foi inicialmente divulgado. Raimundo Lira (PMDB-PB), relator da indicação de Ilan ao Banco Central, tentou um acordo com Gleisi que permitiria ao escolhido de Temer já assumir o cargo para presidir a reunião do Copom.
Mas, desde o começo da semana, a senadora vinha sinalizando que não seria possível. Ele só anteciparia a audiência se houvesse unanimidade na Comissão. Aliados da presidente afastada Dilma Rousseff, porém, exigiam que todo o prazo previsto no regimento da Casa fosse cumprido.
Pelas regras, frisou Gleisi, são necessários cinco dias úteis para que a CAE realize a sabatina após a leitura do relatório na CAE. Lira apresentou formalmente o parecer ontem, apesar de ter publicado o texto no sistema do Senado na sexta-feira.
“A vista é a partir da leitura do relatório e não da chegada do relatório”, sustentou a petista. Líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO) recorreu da decisão à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Para evitar questionamentos do PT, Ilan informou à CAE que vendeu todas as ações que tinha no Itaú Unibanco, onde trabalhou como economista-chefe antes de ser convidado para o Banco Central. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ), então, retirou o requerimento para que a Comissão de Ética da Presidência avaliasse suposto conflito de interesse.
Fonte: Valor Econômico