TAXA ESTÁ EM 378,3% AO ANO. INADIMPLÊNCIA TAMBÉM FICA MENOR
Autor: MANOEL VENTURA manoel.ventura@oglobo.com.br
-BRASÍLIA- A taxa média de Juros cobrada pelos bancos e a inadimplência das suas operações com recursos livres (excluindo crédito imobiliário, rural e do BNDES) voltaram a cair em junho. Os Juros bancários médios, com recursos livres, caíram de 47,3% em maio para 46,1% ao ano no mês passado. O mesmo não aconteceu com as taxas do rotativo no cartão de crédito. No terceiro mês com as novas regras para esse tipo de empréstimo (o cliente só pode usar o rotativo por 30 dias), os Juros da modalidade voltaram a crescer e atingiram o patamar 378,3% ao ano. Em maio, a taxa era de 377,3% ao ano.
Por outro lado, a inadimplência ficou em 5,6% em junho, o mesmo patamar de fevereiro, após ter subido em março (5,7%), abril (5,7%) e maio (5,9%), mesmo após a liberação para saque das contas inativas do FGTS. Segundo estudos do próprio governo, a maior parte dos recursos sacados do fundo foi usada pelos beneficiários para pagar contas.
Com os Juros menores, o chamado spread bancário — que é a diferença entre a remuneração paga pelos bancos sobre os recursos captados e quanto cobram nas operações de crédito — também caiu. Em junho, para pessoas físicas, o spread bancário foi de 53,5 pontos percentuais. No ano, o spread para pessoas físicas caiu 9,1 pontos percentuais.
Outra modalidade de crédito cara, os Juros do Cheque especial, em junho, foram de 322,6% ao ano. Em maio, fora de 325,1%. No início do ano estava em 328,6%.
Pelas altas taxas de Juros, o rotativo do cartão e o Cheque especial são as modalidades de crédito menos indicadas para os consumidores. As taxas dessas duas modalidades são maiores que as do crédito pessoal, seja consignado (quando o valor das parcelas do empréstimo é descontado do salário) ou não consignado.
Na modalidade de crédito pessoal não consignado, a taxa média de Juros em junho foi de 125% ao ano (redução de 14,8 pontos percentuais no ano). Para os empréstimos consignados, as taxas de Juros ao ano são ainda menores e fecharam junho em 25,8%, para servidores públicos; 41,8%, para trabalhadores do setor privado; e 27,8%, para aposentados e pensionistas do INSS.
REDUÇÃO NO ANO
Apesar do aumento da taxa em junho, os Juros do rotativo do cartão caíram ao longo dos últimos meses. Em janeiro, a taxa de Juros dessa modalidade estava em 497,5% ao ano. Por outro lado, os Juros cobrados para o crédito parcelado no cartão caíram no mês passado para 157,8% ao ano.
Quando os números dos Juros do rotativo cartão de crédito são detalhados, é possível notar que caiu pela metade a taxa cobrada para o rotativo regular. Nessa modalidade, o cliente pagou ao menos 15% da fatura do cartão. Nesse caso, a taxa de Juros ao ano saiu de 431,6% em março para 230,4% em junho. Até mesmo para o rotativo do tipo não regular (quando o cliente não paga a fatura do cartão, e o valor fica para o mês seguinte), houve queda na taxa de Juros anual. O valor saiu de 528,7% em março para 460,7% em junho.
OPINIÃO
FATOR POLÍTICO
OS Juros voltam à casa do um dígito, e de forma consistente, ao contrário do que aconteceu em 2013, quando eles foram cortados na base do voluntarismo de Dilma Rousseff. Não deu certo, como previsto.
AGORA, HÁ chances reais de eles chegarem a níveis civilizados. Mas muito dependerá da política e das urnas de 2018.
Fonte: O GLOBO