RESPONSÁVEIS PELAS ÁREAS DE FISCALIZAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO SERÃO TROCADOS
Autor: GABRIELA VALENTE valente@bsb.oglobo.com.br
Um ano e meio após assumir o Banco Central, o presidente da autarquia, Ilan Goldfajn, prepara uma mudança no Comitê de Política Monetária (Copom). Dois diretores do BC devem ser substituídos em breve. Segundo fontes da equipe econômica ouvidas pelo GLOBO, os responsáveis pelas áreas de Fiscalização, Anthero Meirelles, e de Administração, Luiz Edson Feltrim, devem ser trocados. Técnicos do BC devem ser nomeados para ocupar os cargos.
Para assumir a diretoria de Fiscalização, o mais cotado é Paulo Sérgio Neves de Souza. Ele é o atual chefe do departamento de Supervisão Direta. Já para a diretoria de Administração, Ilan deve indicar seu atual chefe de gabinete, Maurício Costa de Moura, segundo fontes ouvidas pelo GLOBO sob condição de anonimato.
Internamente, ambos são vistos como quadros competentes. A nomeação de funcionários de carreira agrada ao corpo técnico da instituição e mantém o equilíbrio entre os representantes da academia e do mercado financeiro na cúpula do BC, responsável por definir os rumos da política de controle da inflação.
A decisão de achar uma solução caseira foi tomada porque as duas áreas não interferem diretamente no mercado financeiro. Não há data marcada para um anúncio.
Anthero é o diretor mais longevo do Banco Central. Foi levado por Henrique Meirelles para ocupar a diretoria de Administração há uma década. Pediu transferência para a área de Fiscalização da autarquia há seis anos. Ele ainda acumulou a área de regulação do banco por dois meses em 2015.
ALVO DE AÇÃO DA PF
Por causa das constantes operações da Polícia Federal, a pressão sobre sua área aumentou. Integrantes de órgãos como a PF e também o Ministério Público reclamam da morosidade no compartilhamento de informações. Fontes da equipe econômica dizem que os ataques são infundados.
O diretor até chegou a ser alvo de uma das ações da PF. Em abril, houve busca e apreensão em seu gabinete, numa ação da Operação Conclave, que investiga possível fraude na venda do Banco Panamericano para a Caixa Econômica Federal.
Um amigo de Anthero, ouvido pelo GLOBO, disse que o fato deixou o diretor abatido. Outro colega afirma que o motivo é o tempo em Brasília.
– Há muito tempo ele vem dizendo aos amigos que dez anos longe da família é excessivo – falou uma alta fonte da equipe econômica.
Já Feltrim tem menos tempo de diretoria, mas muito mais de casa. Na gíria interna, é considerado um ‘dinossauro’. O termo é usado por quem ingressou no Banco Central nos anos 70. Chegou ao Copom há cinco anos. Ocupou a diretoria de Relacionamento Institucional e Cidadania e depois migrou para a diretoria de Administração. Tem 65 anos e tempo suficiente para a aposentadoria.
Procurado, o BC não se manifestou sobre o assunto.
Fonte: O GLOBO