PRÉVIA DO IPCA TEM ALTA DE 0,35% EM AGOSTO, PRESSIONADA POR COMBUSTÍVEIS E ENERGIA, MAS FICA ABAIXO DAS EXPECTATIVAS DOS ANALISTAS
Autor: Daniela Amorim / RIO Francisco Carlos de Assis
Apesar dos aumentos nas despesas com combustíveis e conta de luz, a prévia da inflação oficial no País voltou a ficar mais comportada do que o previsto em agosto. O índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) subiu 0,35%, após a deflação de 0,18% registrada em julho, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado aumentou as apostas entre economistas de que o Banco Central (BC) reduza a Taxa Básica de Juros, a Se-lic, a um patamar mais próximo de7%até o fim do ano. Apesar do avanço, a inflação veio dentro das expectativas mais otimistas de analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Projeções Broadcast, que estimavam uma inflação média de 0,40%. A taxa acumulada em 12 meses recuou para 2,68%, o mais baixo nível desde março de 1999.
“O cenário de inflação continua plenamente favorável. Apesar dos impactos dos combustíveis e da energia elétrica, o quadro é muito positivo. Não há nenhuma pressão do Câmbio. Tem espaço sim para o Copom manter esse ritmo de redução na taxa básica de Juros em 1 ponto porcentual na reunião de setembro”, avaliou Mareio Milan, analista da Tendências Consultoria Integrada.
A inflação baixa somada a uma taxa de desemprego ainda muito elevada propiciam um cenário que autoriza o Banco Central a manter os cortes de Juros na magnitude de 1 ponto porcentual, concorda o economista sênior do Haitong Banco de Investimentos do Brasil, Flávio Serrano. “(O IPCA-15 de agosto) E mais uma leitura positivae surpreendente. A variação acabou ficando abaixo do consenso, mais uma vez.”
O resultado fez o economista da LCA Consultores, Fábio Romão, reduzir suas projeções inflação. Anteontem, a consultoria já tinha revisado sua estimativa para a Selic de 7,75% para 7,50% ao fim do ano. “O IPCA-15 só veio a confirmar a nossa revisão (sobre a taxa de juro)”, disse Romão. “Revisamos nossas projeções para o IPCA de 0,48% para 0,40% em agosto e de 3,7% para 3,5% no ano”, contou o economista da LCA.
Mais baixo. A consultoria Tendências estima que o IPCA feche o mês de agosto ainda mais baixo do que a prévia, aos 0,30%, por conta dos recuos mais acentuados que o previsto nos preços dos alimentos, uma pressão menor dos aumentos nos combustíveis e o fim do impacto dos reajustes de contas de luz em São Paulo. A expectativa é que os gastos das famílias com alimentação e bebidavoltem a cair em agosto e setembro. Em agosto, os produtos alimentícios ficaram 0,65% mais baratos, com destaque para as reduções no feijão carioca, batata-inglesa, leite longa vida, frutas e carnes.
“Além do clima favorável, ainda deve ter algum repasse para o varejo das reduções de preços no atacado, embora o efeito do grosso da safra recorde de grãos já tenha passado”, estimou Milan.
Fonte: Estado de S. Paulo