Autor: Marcos de Moura e Souza
O plano do governo de privatizar a Casa da Moeda tende a ser bem recebido por empresas especializadas em fabricar dinheiro pelo mundo. “Qualquer oportunidade de imprimir dinheiro de um país é visto como uma grande oportunidade e um privilégio por empresas do setor”, disse ontem ao Valor Shaun Ferrari, diretor para as Américas e Caribe da Currency Research.
A Currency Research é uma organização americana que faz pesquisas e presta consultoria para empresas e entidades globais do setor de pagamentos.
Segundo Ferrari, há hoje no mundo cerca de 50 empresas estatais que fabricam o dinheiro de seus países, como a Casa da Moeda. Dessas 16, segundo estima ele, produzem também para outras economias. O resto do dinheiro circulando pelo mundo é produzido por um grupo de apenas seis fabricantes privados. São eles: Crane Currency, De La Rue, Giesecke+Devrient, Oberthur Fiduciaire, Canadian Banknote e Orell Fussli.
Ferrari cita exemplos de três vizinhos do Brasil que compram seu dinheiro de fornecedores externos. “Argentina e Venezuela continuam a contratar de terceiros grande parte da impressão (das Cédulas) devido à hiperinflação e à crescente demanda; o Chile também encomenda de fora a produção de suas notas.”
A alta necessidade de dinheiro novo da Argentina e Venezuela são situações particulares. O que se vê, segundo o especialista, nos últimos anos é uma redução global da demanda por Cédulas e moedas.
No caso das Cédulas, especificamente, a tecnologia de impressão tem se sofisticado e exigido mais investimentos em segurança e resistência e elas têm durado mais tempo em circulação. Além disso, cresce em muitos países o uso de meios digitais de pagamento. O resultado é uma queda na demanda por dinheiro vivo, o que tem levado, segundo Ferrari, a países cujas estatais fabricam seu próprio dinheiro a terceirizarem o serviço.
“Normalmente entidades estatais não são tão eficientes quanto fabricantes comerciais”, disse Ferrari. Mas mesmos esses fabricantes privados sentem uma redução da demanda global por Cédulas, afirma ele. Por isso, a possibilidade de fabricar reais do Brasil seria uma novidade que movimentaria esse mercado.
A Currency Research mantém escritórios na Austrália, Canadá, Malásia, África do Sul, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos. Sua principal base fica no Estado americano do Texas.
Fonte: VALOR ECONÔMICO