A CRÔNICA 900

    Desde a crônica 600 eu decidi comemorar a cada cem textos divulgados. Hoje alcancei a marca dos novecentos. Isto em pouco mais de doze anos escrevendo e mais escrevendo e divulgando nesta internet.Alguns hão de pensar que sou um velho bobo que adora comemorações, é, talvez eu seja mesmo, todavia quem chega aos 76 anos realizando um de seus sonhos, de seus desejos, por inspiração e incentivo, no começo, de meu saudoso pai português, e depois com o apoio importante de vários amigos e amigas, julgo que tenho todos os motivos para me sentir feliz e comemorar. Neste total de 900 estão apenas os textos que eu escrevi e divulguei desde Janeiro/2001 nesta internet. Não esqueçam que já aos 17 anos eu escrevia crônicas diárias e as lia ao microfone, primeiro da Rádio Marajoara, depois da Rádio Club do Pará, devidamente autorizado pela Direção de ambas as emissoras e por qual trabalho eu recebia um cachê. Os textos daqueles tempos, escritos entre 1953 e 1958, perderam-se no tempo. Em 1957 eu entrei para o Banco do Brasil e ainda permaneci no rádio cerca de um ano até que tive que desistir da profissão de radialista. Ao escrever não me move nenhuma preocupação com ser ou não aprovado por todos que me lêem. Basta-me ter uma pasta de Comentários de Leitores, como sabem todos, que abri justo em Janeiro/2001 e onde fui depositando, e continuo a fazê-lo, mensagens comentando este ou aquele trabalho meu. Hoje o total se aproxima de cinco mil mensagens de comentários.Muitos que ainda me lêem desde quando eu comecei essas divulgações nem vão se lembrar do que disseram deste ou daquele texto meu, porém eu tenho todos esses testemunhos devidamente guardados neste arquivo. O que farão com ele depois que eu me for desta vida, não sei. Até hoje não me preocupei com isso. Há os amigos/leitores que foram tão importantes comentando e dando dicas sobre meus textos, mas que com o tempo decidiram que não precisavam mais comentar. Alguém me disse certa vez “que eu já sabia andar muito bem só com as minhas pernas”. Que pena mesmo sozinho gostaria de ter a opinião dele e de outros que sempre foram muito importantes para mim, mas respeito a decisão que tomaram.Como gosto de curtir essa colaboração que são os comentários de quem me lê, imaginem que tenho também um quadro no qual eu coloco os sete primeiros colocados em quantidade de comentários até hoje. O líder atual começou a comentar só de uns anos para cá, porém sempre escreve, dificilmente falta com sua palavra. Hoje disparou em primeiro lugar. Quem liderou por anos de repente parou de me escrever comentando. Conheço seus afazeres e problemas daí respeitar sempre, pois sei que me lê e de quando em vez me envia poemas dele. Um amigão que vem de minha infância. Mesmo assim ainda está em segundo lugar embora possa ser ultrapassado logo por outro bom amigo, também da antiga do BB, como o primeiro, que tem sido bem assíduo e com o qual até já escrevi crônicas a quatro mãos. Gosto de fazer este controle.Aos 76 anos a gente pode dizer coisas que antes tínhamos ora vergonha, ora um excessivo pudor, ora receio de parecer um bobo ridículo e assim preferíamos silenciar, ainda mais escrevendo para tantos lerem. Hoje não, hoje me sinto mais liberto, livre de amarras criadas pela nossa própria imaginação ou algumas vezes pela opinião alheia.Assim, além das revelações que fiz mais acima reafirmo que amei bastante no correr desta minha já longa vida. Amor tomado em vários sentidos e dirigido a pessoas e coisas com as quais eu convivi desde muito jovem. E como eu amei meus amigos e minhas amigas. Mas ainda sobrou amor para eu doar aos mais variados sentimentos. No desejar o bem de alguém, na dedicação absoluta a alguma pessoa, no sentimento em família (e como esta é grande), etc. Esses sentimentos podem também significar simpatia, ternura, amizade, um grande carinho e aí, como diria um grande poeta, “abraçar o mundo”.E assim cheguei hoje à crônica de número 900. Não pretendo parar tão cedo, embora saiba que isso não depende somente de mim. A vida nos prega surpresas que ou nos elevam ou nos derrubam e muitas das vezes são mesmo inesperadas.Porém o importante é manter a disposição, a vontade, e não parar, seguindo em frente sempre e sempre. Quem sabe daqui a mais ou menos um ano e meio eu bato o recorde de Pelé?! Brincadeira, claro, mas neste período por mim citado deverei estar chegando à crônica mil. Fico feliz com os muitos apoios que recebo vez ou outra não só pelos habituais que comentam meu trabalho como por leitores que me lêem, porém só eventualmente me passam sua opinião. As críticas, se construtivas, se bem formuladas, se não agressivas, também as aceito, claro, o que, entretanto não quer dizer que me obriguem a concordar com elas sempre.Vez ou outra surge alguém que me escreve sobre uma crônica antiga perguntando algo que eu tratei no texto. Um desses temas é aquele em que falei sobre “suar só de um lado do corpo”, ele rende até hoje. Outras vezes aparece alguém relembrando meu tempo de rádio, em Belém, e contando sua história de vida. Acho isso fantástico e respondo sempre. Entendo agora o motivo porque quando eu escrevi comentando algum artigo ou crônica de escritores consagrados, de pessoas com nome mais do que conhecido, esses não me deram a mínima, jamais mereci uma palavra deles. Aprendi a ficar no meu lugar e deixá-los no seu “pedestal”. Eu, na minha simplicidade de metido a poeta e a escritor, adoro quando comentam, quando aplaudem ou vaiam o que eu escrevo. É muito importante ter a opinião de quem me lê. Vocês nem imaginam o que eu guardo nesse Arquivo de Comentários de Leitores, inclusive de gente que tanto me valorizou e depois me descartou. Faz parte, e vamos em frente. Rumo à crônica mil.

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