As namoradas que não tive

    Por ocasião da morte de Rose Rondelli, famosa vedete do teatro rebolado dos anos 60, o Joaquim Ferreira dos Santos iniciou o texto da sua coluna de O GLOBO do dia 10/01/2005, revelando que a atriz foi a sua primeira namorada. Contudo, esclareceu que o namoro aconteceu no sentido Manoel Bandeira da coisa, que afirmou ter sido um porquinho-da-índia a sua primeira. Adiante, o Joaquim confessou que Rose foi a primitiva namorada das muitas que nunca teve. Se valer contabilizar assim, tive um monte delas. Como a Elis Regina representa um capítulo único e especialíssimo da minha vida, vou expor apenas as mais marcantes.Comecei cedo, com a Ângela, uma morena linda, uns 10 anos acima, de carnudos lábios vermelhos, sempre realçados por batom da mesma cor, que adorava trajar branco. Havia só um problema: ela namorava o sujeito mais temível de Friburgo. No carnaval, fui a um baile à fantasia num clube campestre e eles estavam lá abraçados e se beijando. Corroído de ciúmes, deitei com roupa e tudo num córrego para esfriar a cabeça ao tempo em que maquinava um plano infalível de congelar o rival depois da quarta-feira de cinzas. Daí que, na quinta-feira, estava participando de uma renhida “pelada” numa semideserta ruela de barro, porém, com calçadas de cimento, onde os transeuntes podiam transitar sem serem incomodados pelo jogo, quando o meu antagonista surgiu lá no início da via, hiper bem vestido, de óculos escuros e embebedando o ar com seu ótimo perfume. Respeitosamente e num silêncio que se podia ouvir uma mosca voar, interrompemos a partida para que ele desfilasse desafiador pelo centro do nosso “campo” comendo pipoca. Antes de terminar de passar, se voltou em nossa direção, amassou o saquinho e chutou-o como se fosse uma bola para o centro de nosso “gramado”. Em seguida, deu aquela gargalhada de filme de terror que ouço até hoje, e, finalmente foi embora sem se dignar a nos uma olhadinha sequer. Antes do término do futebol já havia descartado a idéia do confronto.   De repente passei a namorar as atrizes italianas. Fui de Gina Lolobrigida a Claudia Cardinale, passando pela Virna Lisi. Contudo, fidelidade canina, julgava só ter dedicado a Sophia Loren. No entanto, como naquela época, estava passando por uma fase extremamente volúvel e meu namoro com ela teve muitas idas e vindas, hoje tenho dúvidas se consegui me manter leal à Sophia, quando descobri a Elke Sommer, uma sueca deslumbrante que fez par com Peter Sellers em um “Tiro no escuro”.Posteriormente, houve um amor platônico por uma ítalo-brasileira chamada Rossana Ghessa. Minha paixão pela atriz aconteceu quando a vi pela primeira de umas vinte vezes, no filme “Memórias de um Gigolô” em que atuava ao lado de Cláudio Cavalcanti, uniformizando-se como uma colegial para ajudá-lo a aplicar pequenos golpes. Andava sumida, entretanto, outro dia a assisti num desses programas de fim de noite. Pelo menos, sob a minha ótica, continua um “avião”! O namoro mais duradouro foi com Beth Mendes. Começou em 1968 na novela “Beto Rockfeller” na falecida TV Tupi e foi até a sua estréia na Globo em 1974 com “O Rebu”. A idolatria era tanta que, para vê-la nua numa cena da peça “Gota D’água”, paguei ingresso num teatro de Copacabana, num dia de semana de janeiro à tarde, sob uns 40° de calor. Ratificando a fama de que o ar-condicionado da casa de espetáculos sempre pifava, naquele dia não foi diferente! Mas, saí de lá exultante, realizado, cheirando mal e encharcado de suor!Vieram os namoros, namoros (é repetido mesmo), o casamento, as filhas e a neta. E essas lindas fantasias juvenis, acabaram sendo arquivadas e catalogadas de forma bem cafona como “arroubos da juventude”. É! Pode ser! Entretanto, meu olhar insiste em ficar comprido quando vejo a Malu Mader, a Angelina Jolie e a Daniela Escobar. Se uma delas me der bola… Agora, juro que é para terminar! Li também que o jornalista Palmério Dória vai lançar uma publicação sob o título “Grandes mulheres que não comi, entre elas Vera Fischer”. Imaginei uma crônica a respeito, porém, logo vi que não seria possível. Ando pensando num livro… também.

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