Autor: Luciano Máximo
Pressionado por altas de combustíveis e energia em agosto, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA) de setembro deve ter desacelerado na comparação com o mês anterior, mais uma vez ajudado por uma deflação histórica que marca os preços de alimentos e bebidas no país nos últimos meses.
Em média, 22 consultorias e Instituições Financeiras consultadas pelo Valor Data projetam o que o IPCA-15 subiu 0,15%, resultado bastante inferior ao de agosto, que ficou em 0,35%. O indicador será divulgado hoje pelo IBGE. As previsões dos economistas variam de 0,05% a 0,23%. No acumulado de 12 meses, a estimativa média é de um avanço de 2,61%, um pouco menor que os 2,68% do IPCA-15 de agosto.
Para Luis Otavio Leal, economista-chefe do banco ABC Brasil, o IPCA-15 deixou para trás os fortes aumentos de energia e combustíveis de agosto, e desacelerou graças ao “choque agrícola”, que vem mantendo os preços de alimentos e bebidas negativos.
“Basicamente, a grande surpresa de setembro será o que já vem sendo a grande surpresa dos últimos meses, que é a questão da deflação da alimentação. Todo mundo esperava inflação de alimentos e bebidas baixa este ano, mas não tão baixa e não por tanto tempo. Nos IGPs [Índices Gerais de Preços, da Fundação Getulio Vargas], o IPA [Índice de Preços ao Produtor Amplo] agrícola está negativo por 14 meses. Isso nunca aconteceu”, observa Leal, que projeta que o IPCA-15 aumentou 0,18% em setembro e 2,64% em 12 meses.
Em agosto, no IPCA cheio, o grupo alimentos e bebidas registrou deflação de 1,07%, contribuindo para o índice fechar o mês em 0,19%. Um mês antes, estes preços ficaram negativos em 0,47% e o indicador variou 0,24%.
Em relatório a clientes, o Haitong destaca que a inflação dos alimentos “continua a ser a principal responsável por uma dinâmica inflacionária tão favorável”. “Mas, antes de pensar que isso é um fenômeno limitado, é importante mencionar que dá margem para o Banco Central continuar cortando a Taxa Básica de Juros um pouco mais.”
A Mapfre Investimentos projeta alta de 0,23% para o IPCA-15 de setembro. A gestora leva em conta para sua previsão a manutenção da deflação de alimentos e bebidas, e a inflação de serviços. “A perspectiva da inflação de serviços é de um comportamento similar ao do IPCA fechado de agosto, porém com maior intensidade. Observa-se redução sobretudo em preços de serviços subjacentes e também nos núcleos de inflação”, assinala relatório da Mapfre.
Leal, do ABC Brasil, minimiza nova pressão inflacionária dos combustíveis e da energia no IPCA-15 de setembro. “Ainda vamos ver resquício do aumento da conta de luz de agosto este mês. Já os combustíveis agora passam por variação de preços de acordo com regras de oferta e demanda. Vamos ver estabilidade nesses preços. “
Fonte: Valor Econômico