Ao lançar sua criptomoeda, Telegram quer US$ 500 mi

    Max Seddon | Financial Times, de Moscou

    O aplicativo russo de mensagens Telegram vai embarcar na onda do Blockchain [tecnologia que registra o fluxo de operações na web]. Vai lançar sua criptomoeda neste ano, por meio de uma oferta inicial de moeda que poderá captar US$ 500 milhões.

    O concorrente do WhatsApp, que prevê ultrapassar 200 milhões de usuários neste ano, quer captar recursos para criar uma plataforma que usa o Blockchain, a tecnologia que serve de base para as criptomoedas, o que permitirá que os usuários façam pagamentos por meio de seu aplicativo, de acordo com os planos a que o “Financial Times” teve acesso.

    O projeto, batizado de Telegram Open Network e noticiado pela primeira vez pelo site TechCrunch, seria o primeiro serviço ocidental de mensagens a seguir o exemplo do chinês WeChat Pay, de grande sucesso, que integra pagamentos ao aplicativo de texto. Ao contrário do WeChat Pay, o projeto do Telegram não será hospedado em servidores centralizados nem vinculado a divisas controladas por governos, como o yuan chinês.

    Várias empresas muito conhecidas, entre as quais muitas desprovidas de qualquer ligação evidente com o setor, manifestaram interesse em levantar recursos por meio de uma ICO (Initial Coin Offering, ou oferta inicial de moeda), após o vertiginoso interesse pelas criptomoedas e o enorme salto dos preços das transações com Bitcoins.

    As ações da combalida Kodak mais que duplicaram de valor na terça-feira, após ela ter informado que lançará uma criptomoeda.

    A ICO do Telegram potencialmente ultrapassará o recorde atual, de US$ 257 milhões, alcançado no ano passado pela FileCoin. Uma ICO permite que as empresas captem recursos por meio da emissão de tokens digitais, normalmente em troca de outras criptomoedas como o bitcoin.

    O CEO do Telegram, Pavel Durov, que foi procurado, mas não se pronunciou, tem há muito tempo interesse pelo tema – além dos 2 mil Bitcoins que comprou há cinco anos por US$ 750 cada e que atualmente valem US$ 28 milhões.

    Durov saiu da Rússia em 2014 devido ao que disse serem pressões do Kremlin para censurar e controlar a VK, o clone do Facebook fundado por ele e que é a rede social de maior sucesso da Rússia. Ele recentemente se transferiu para Dubai, depois de ter levado sua equipe a várias partes do mundo. O Telegram é usado tanto por libertários da comunidade Blockchain quanto por pessoas que querem evitar monitoramento.

    Com a ICO, é a primeira vez que o Telegram manifesta interesse em captar recursos junto a fontes externas. Durov tinha dito anteriormente ter financiado o aplicativo com prejuízo, a partir do dinheiro que ganhou com a venda de suas ações na VK. Esta, agora, é controlada por Alisher Usmanov, um oligarca favorável ao Kremlin e investidor de primeira hora do Facebook. Também é o maior acionista do inglês Arsenal Football Club.

    O Telegram pretende fazer uma pré-venda dos tokens de sua criptomoeda, conhecidos como Grams, no início de 2018, a partir de US$ 0,10. A empresa também estuda vender os tokens em massa a investidores institucionais em troca de moeda convencional. O plano é gastar US$ 400 milhões, ou 80% dos recursos captados, para expandir a base de usuários nos próximos três anos.

    Fonte: Valor Econômico

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