O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, defendeu a Reforma da Previdência e afirmou que é preciso aprová-la enquanto o cenário global é benigno, em que não há um “choque desfavorável” vindo de fora. Durante evento promovido ontem pelo Credit Suisse, Ilan destacou que há uma tendência de queda das metas de inflação, fixadas em 4,5% para 2018, 4,25% para 2019 e 4% para 2020. Ele afirma que em junho serão definidas novas metas para 2021.
Ilan, no entanto, lembrou que existem riscos em relação à inflação. O principal deles, segundo o presidente, vem de fora. “A gente tem que saber escolher os riscos que consideramos mais prováveis”, afirmou. Dentre os mais prováveis, segundo Ilan, está a ideia de ter um cenário internacional desfavorável. “Na nossa cabeça é uma atividade forte internacional que venha a elevar a inflação e tirar o juro baixo do cenário global”, disse. “Esse é o risco que considero mais importante.”
Um segundo risco, segundo o presidente, é que a inflação continue abaixo da meta, o que foi classificado pelo presidente como um “risco benigno”. Um fator que poderia influenciar nesse sentido, por exemplo, é a alta capacidade ociosa do país, resultado da queda da atividade econômica durante os anos de recessão.
Ilan ainda falou sobre o projeto de lei que visa conceder autonomia formal ao Banco Central e pode ser votado ainda neste ano. Segundo o presidente, essa autonomia já existe, ainda que não seja formalizada. A aprovação do projeto, no entanto, pode diminuir a possibilidade de interferência do governo e, assim, diminuir o prêmio de risco demandado pelos investidores.
Questionado sobre o uso de criptomoedas, Ilan afirmou que a tecnologia base desses ativos, o chamado “Blockchain” – que funciona como um livro de registros digital criptografado impossível de ser alterado -, terá “bastante uso e é bem-vinda”. Sobre as moedas virtuais, no entanto, o presidente voltou a fazer alertas.
“Não há garantia do Estado, do Banco Central. É uma moeda que não tem lastro”, disse. Ele completou classificando o ativo como “uma bolha de especulação” e destacou os riscos das moedas virtuais serem usadas em atividades ilícitas.
O presidente do BC ainda aproveitou o evento para destacar os avanços da chamada Agenda BC+ feitos no ano passado, principalmente os esforços para diminuir o spread bancário no país, que segundo Ilan, já está em tendência de queda e deve continuar. Uma das ações para promover essa baixa, segundo o presidente, é o chamado cadastro positivo, em que é formado um histórico de crédito de pessoas físicas e jurídicas, por meio da criação de bancos de dados com informações de pagamento de dívidas. Com ele, as instituições podem adequar as taxas de Juros cobradas de acordo com o perfil daquele cliente. “Quanto mais informação você tem, melhor para o custo do crédito”, disse.
O presidente ainda afirmou que a agenda segue em atividade. Um dos focos agora é reduzir o uso do papel moeda, com incentivo a alternativas como cartão de débito e outras formas de pagamento eletrônico, que promoveria uma economia para o Banco Central e para o governo. Uma das medidas mais recentes é a movimentação do BC para reduzir o custo das operações com cartão de débito.
Segundo as estimativas do presidente do Banco Central, a economia brasileira deve registrar um crescimento de 2,5% em 2018, o que significa uma expansão “moderada”.
Fonte: VALOR ECONÔMICO