Reagindo à instabilidade no cenário externo e à piora das expectativas sobre a economia brasileira, o dólar superou ontem o patamar de R$ 2,90 pela primeira vez em mais de 10 anos. No fim do dia, porém, a divisa recuou e foi cotada a R$ 2,879, com alta de apenas 0,01% em relação ao fechamento de sexta-feira.
Boa parte da queda ocorreu porque a própria disparada do dólar estimou investidores a venderem a moeda, para realizar lucros, e exportadores a desovarem parte das receitas acumuladas com negócios no exterior. “Sempre que a divisa dá uma espichada como essa, é normal que haja alguns respiros no meio do caminho”, explicou o operador de Câmbio da corretora Intercam Glauber Romano.
Alguns analistas atribuíram parte do recuo também a declarações do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Num evento em São Paulo, o ministro disse que a presidente Dilma Rouseff está comprometida com a meta de superavit fiscal de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) nas contas públicas. Ele também fez afirmações vistas como positivas sobre a ação do Banco CENTRAL (BC), que atua diariamente no mercado com operações equivalentes à venda de dólares no mercado futuro.
A acomodação ocorrida no dia , porém, não eliminou o nervosismo dos investidores com a contínua deterioração das expectativas sobre a economia brasileira. Ontem, a pesquisa Focus, do BC, mostrou que bancos e corretoras passaram a projetar queda de 0,5% do PIB neste ano, ante 0,42% na semana passada.
No plano externo, a tensão é alimentada pelas dúvidas que persistem sobre a permanência da Grécia na Zona do Euro e pela perspectiva de alta de juros nos Estados Unidos, Para piorar, ontem a agência Moody”s rebaixou a nota de crédito da Rússia, cujos títulos passaram a ser classificados na faixa de grau especulativo.
Fonte: Correio Braziliense