Sofrendo há anos com um déficit de pessoal que se agrava cada vez mais, em função das aposentadorias, e com a validade do último concurso para técnico (nível médio) e analista (superior) tendo expirado em setembro do ano passado, o Banco Central (BC) terá que enviar ao Ministério do Planejamento, até o fim de maio deste ano, um novo pedido de autorização para a abertura de concurso para os dois cargos, se quiser impedir que a defasagem chegue a níveis ainda mais alarmantes. “Com certeza o banco vai encaminhar”, acredita o presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do BC (Sinal), Daro Piffer.
O sindicalista lembrou que no ano passado, o banco buscou a permissão do Ministério do Planejamento para chamar 500 aprovados além do número de vagas da última seleção, porém só conseguiu a liberação para a convocação de 100 deles, o que torna maior a pressão por um novo concurso. Ele garantiu que a recomposição do quadro do banco, que conta com um déficit de cerca de 30% (aproximadamente 2 mil servidores), continuará sendo cobrada pelo Sinal ao longo de 2016. Piffer se mostrou otimista com relação ao atendimento da demanda do banco. “O que eu espero, principalmente, em função das audiências públicas que a gente fez no Congresso, que o Planejamento deva, sim, aprovar um novo concurso para o Banco Central. Provavelmente, não para a quantidade de vagas que a gente deseja”, disse ele. Piffer acredita que devam ser liberadas aproximadamente 500 vagas ao todo, como tem ocorrido nas últimas seleções para os dois cargos.
Segundo o presidente do Sinal, além das atividades administrativas do banco, que estão funcionando com o mínimo de pessoal possível, o grande prejuízo da falta de funcionários do BC acaba se dando na área de fiscalização. Ele explicou que ficam prejudicadas as fiscalizações das reclamações feitas pelos clientes bancários, assim como dos cumprimentos das normas por parte das instituições financeiras, por exemplo. “E caso a falta de pessoal aumente, pode haver prejuízo também na formulação de políticas econômicas”, alertou Piffer. “O Banco Central é responsável pela Selic, que é a taxa básica de juros do país, e depende de pessoas para fazer pesquisas, simulações de cenários e etc. E se isso não estiver adequado, o banco pode acabar tomando decisões erradas”, argumentou ele. A FOLHA DIRIGIDA questionou o BC com relação ao envio de um novo pedido de concurso para técnico e analista ao Ministério do Planejamento, mas não houve retorno até o fechamento desta edição. O presidente do Sinal lembrou, porém, que, em 2012, o banco solicitou autorização para 1.850 vagas, tendo sido preenchidas apenas 600 desde então, havendo, portanto, um saldo de 1.250 vagas daquele pedido.
Conforme acordo salarial assinado em dezembro do ano passado, a remuneração inicial dos cargos de técnico e analista passará, em agosto deste ano, para R$6.463,44 e R$16.286,90, respectivamente (reajuste de 5,5%), já incluindo o auxílio-alimentação, que este mês passou de R$373 para R$458. O cargo de técnico tem como requisito o ensino médio completo, porém, no fim de dezembro, foi encaminhado ao Congresso Nacional um projeto de lei (4.254), que prevê a exigência de nível superior para o ingresso na função, uma antiga reivindicação da categoria. Daro Piffer, do Sinal, acredita que a proposta deve ser aprovada ainda neste semestre, visto que a medida faz parte do acordo assinado com o Planejamento. Para analista, já é exigida formação superior.
A última seleção para técnico e analista do BC aconteceu em 2013. Na ocasião, o processo seletivo compreendeu provas objetiva e discursiva (confira nesta página o programa anterior para técnico), avaliação de títulos (apenas para analista) e programa de capacitação. Para se ter uma ideia da procura pelos concursos do banco, nessa última oportunidade, o cargo de técnico registrou um índice de 476,35 candidatos por vaga: foram 47.635 inscritos para as 100 vagas oferecidas. No caso de analista, houve 40.954 interessados nas 400 vagas, distribuídas por várias áreas de atuação.
Fonte: Folha Dirigida