No Brasil, a economia está imitando o jogo Sudoku: as autoridades estão com dificuldades em encaixar os números. A avaliação é do economista-chefe do Banco BNP Paribas, Marcelo Carvalho, que cortou ainda mais sua estimativa para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, ao mesmo tempo em que elevou as projeções para a inflação e a Selic.
Em relatório enviado a clientes, Carvalho informa que, agora, espera retração de 2% para a atividade econômica em 2015, recessão mais forte que o cenário anterior, de queda de 1%. Já a previsão para a alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no período passou de 8% para 9% – 2,5 pontos percentuais acima, portanto, do limite superior da meta, de 6,5% – enquanto o cenário para a taxa Selic ao fim do ano subiu de 13% para 14%.
Para o economista, a correção em curso nos preços regulados está muito defasada e, por isso, representa forte pressão sobre a inflação, que também não é ajudada pelo real mais fraco. Para conter a alta dos preços, os juros precisarão subir ainda mais, mas a política monetária mais apertada vai piorar a crise. Com menos receitas tributárias, ficará ainda mais difícil que o governo consiga entregar o ajuste fiscal necessário para evitar a perda do grau de investimento.
Fonte: Valor Econômico