Bancos médios patinam

    LUCRO DE 11 INSTITUIÇÕES SUBIU 9%EM MÉDIA EM 2013, MAS PERCENTUAL É DISTORCIDO PELO PAN; SEM ELE, CAI 10%

    O ano passado foi melhor para os bancos médios do que 2012 e 2011.

    LéaDe Luca

    A soma do lucro líquido contábil (aquele informado ao Banco Central), das onze maiores instituições desse segmento cresceu 9%, pouco mais do que a inflação no período. A melhora, no entanto, é aparente: a comparação está distorcida pelo prejuízo de quase R$ 500 milhões do Banco Pan em 2012. Sem o Pan, o lucro consolidado da amostra cai 10%. 

    A constatação é da Austin Rating, que compilou os resultados das onze instituições a pedido do Brasil Econômico. Segundo o presidente da empresa, Erivelto Rodrigues, o cenário para os bancos médios continua difícil.”Coma alta da Selic, a taxa básica de juros da economia, o custo de captação dos bancos médio aumentou. Junta- se a isso uma maior concorrência, principalmente em linhas como consignado e middle market, que reduziu os spreads, e a situação não aliviou muito para essas instituições”, diz. 

    As receitas com serviços continuaram compensando em boa parte o aperto das margens – em 2013, não foi tanto pela inadimplência (que, ao contrário, deu uma trégua) mas pela alta da Selic. 

    Com o recuo da inadimplência, os bancos médios, assim como seus pares de maior porte, conseguiram cortar as despesas com provisões para devedores duvidosos em 23%, em média. Dos 11 bancos apenas o BBM e o Industrial registraram aumento das provisões no ano passado. 

    Os índices de rentabilidade e eficiência continuaram apontando para a necessidade de melhora nos resultados: o primeiro ficou em 7%, abaixo dos 8,1% de 2012; e o segundo piorou de 62,5% para 72,4% em 2013-no caso desse indicador, quanto menor, melhor. 

    A rentabilidade só melhorou no Basa; e a eficiência, somente no Pan e no pequeno Intermedium. 

    Todos os indicadores que aparecem nas tabelas ao lado são uma média e, analisando caso a caso, como o perfil desses bancos considerados” médios” difere muito entre si, os resultados também. 

    O Bic Banco, com ativos de R$ 15,5 bilhões-o quarto maior dessa lista de 11 – se beneficiou do uso de proteção contra a alta dos juros. 

    O banco é especializado em middle market (empresas médias).”Para 2014, as perspectivas vão depender do meio ambiente no qual a economia evoluirá, e onde os riscos da clientela estão se situando – fatores macroeconômicos apresentam ainda razões para cautela redobrada a riscos corporativos”, diz Milto Bardini, vice-presidente do Bic Banco, que teve seu controle comprado pelo China Construction Bank em 31 de outubro do ano passado. “Persistindo a situação atual,não seria de se esperar no decorrer de 2014 um crescimento do crédito”, diz.Mas o executivo considera que o ano foi de consolidação para a instituição, e melhor para o setor de bancos médios em geral. 

    O Bic Banco teve lucro líquido contábil de R$ 61 milhões em 2013, 44% abaixo de 2012 – mas considerando o efeito da marcação a mercado dos títulos do banco em carteira, de R$ 85,5 milhões, o lucro ajustado atinge R$ 146 milhões. Em doze meses, o percentual das parcelas vencidas sobre o total recuou no Bic, de 2,5% para 1,6%. 

    “A medida em que vencem os contratos de crédito de safras mais antigas e problemáticas – aquelas com inadimplência maior -,os índices das carteiras vão melhorando”, lembra José Luiz Acar, presidente do Banco Pan. Controlado pelo BTG Pactual, em sociedade coma Caixa, o Pan,mais voltado a operações de varejo, segue firme trajetória de recuperação. “Estamos otimistas em relação ao varejo, vamos continuar com foco no segmento.Mas ainda será preciso cerca de dois anos para completar o ciclo de recuperação do banco”, diz Acar. O Pan teve prejuízo contábil no ano, de R$ 152 milhões. 

    Mas conseguiu alavancar seus depósitos em 43%, um sinal de retomada de confiança.

     

    Fonte: Brasil Econômico

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