Bancos voltam a aumentar os juros

    SEGUNDO O BANCO CENTRAL, A ELEVAÇÃO OCORRIDA EM JULHO FOI SAZONAL E NÃO DEVE INTERROMPER A TENDÊNCIA DE QUEDA DAS TAXAS NOS PRÓXIMOS MESES. INADIMPLÊNCIA SE MANTÉM

    Autor: HAMILTON FERRARI ESPECIAL PARA O CORREIO

    Apesar da queda da taxa Selic, os Juros voltaram a aumentar no mês passado. A taxa média do mercado nas operações de crédito livre, aquelas que não são direcionadas por regras especiais, subiu de 46,2% ao ano, em junho, para 46,6% em julho. O rotativo do cartão de crédito teve elevação de 18,3 pontos percentuais, passando de 380,8% para 399,1% ao ano. É o segundo mês consecutivo de aumento. O Banco Centraldestacou, porém, que é um efeito sazonal e não deve influenciar novas altas.

    As taxas do rotativo do cartão de crédito foram na contramão da promessa de queda com as novas regras, formuladas para dar mais segurança para os bancos baixarem os Juros. Desde abril, o consumidor que não paga a totalidade da fatura precisa quitar a dívida ou parcelar o montante no mês seguinte. Isso faz com que o consumidor não entre na ‘bola de neve’ do rotativo.

    Os aumentos ocorreram enquanto o Banco Central reduziu a taxa Selic de 10,25% para 9,25% ao ano. ‘Em julho, teve um movimento de aumento forte no rotativo, mas essa elevação não reflete um esgotamento da tendência de redução de Juros, que continuará ocorrendo nos próximos meses’, avaliou João Morais, economista da Tendências Consultoria.

    Os Juros do parcelado também subiram de 157,9% para 159,5% ao ano. Essa linha de crédito é utilizada para pagamento de dívidas não quitadas com o cartão de crédito. As taxas cobradas no Cheque especialregistraram queda, saindo de 322,6% ao ano, em junho, para 321,3% ao ano no mês passado.

    Nas operações com pessoas físicas em geral, a taxa média subiu 0,4 ponto percentual, atingindo 63,8% ao ano. O crédito pessoal não consignado aumentou 7,2 pontos percentuais. Fernando Rocha, chefe adjunto do Departamento Econômico do Banco Central, disse que o resultado não deve interromper o processo de queda das taxas de Juros. ‘Ocorreu o chamado ‘efeito composição’, que significa que as taxas se mantiveram estáveis, mas os bancos que tinham créditos com Juros maiores passaram a ofertar mais linhas no mês’, explicou.

    Apesar da elevação das taxas, os sinais de retomada do crédito continuam se fortalecendo, segundo estudo da Rosemberg Associados. Depois de 38 meses no campo negativo, o saldo real das operações com pessoas físicas aumentou. A economista-chefe da consultoria, Taís Mazola Zara, destacou que a sinalização é positiva e que as linhas de financiamento deverão continuar mostrando bons resultados ao longo de 2017. ‘O crédito é um bom indicador antecedente do consumo das famílias e do Produto Interno Bruto (PIB), corroborando a melhora gradual da economia’, disse.

    Mesmo com a queda de Juros e da inflação, a inadimplência não perde força. Em julho, o índice ficou estável em 5,6%. Considerando o indicador para pessoas físicas, houve recuo de 0,1 ponto percentual, caindo de 5,8% para 5,7%. ‘A inadimplência acima de 90 dias estável com leve trajetória de queda é um bom sinal para a retomada das concessões a Juros mais baixos e reforça a nossa percepção de que continuará a normalização do mercado de crédito’, afirmou Taís. Apesar de o calote não ter perdido força, o comprometimento da renda das famílias está menor. O índice chegou a 21,1% em junho, com uma queda de 0,3 ponto percentual em comparação com maio e de 1,3 ponto percentual em 12 meses.

    Fonte: Correio Braziliense

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