Manifestação em frente ao Ministério do Planejamento marca início da campanha salarial de 2015. Reajuste de 27,3% é a principal reivindicação numa pauta que inclui ainda fixação de data-base em 1º de maio
Os servidores públicos federais iniciaram, ontem, a campanha salarial unificada de 2015, com uma manifestação de cerca de 200 pessoas em frente à sede do Ministério do Planejamento (MPOG), no Bloco K da Esplanada. Eles protocolaram a pauta de reivindicações e tentaram pressionar o ministro Nelson Barbosa a receber imediatamente as lideranças dos trabalhadores. Mas o titular da pasta não atendeu ao pedido. Os sindicalistas foram informados de que ele não estava no prédio.
Embora o ato estivesse marcado desde o fim de janeiro pelo Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores, órgão que reúne 33 representações sindicais, somente na última segunda-feira o Planejamento agendou – para 20 de março – uma reunião para discutir as propostas dos funcionários. Assessores do ministro recomendaram que os manifestantes procurassem o secretário de Relações do Trabalho, Sérgio Mendonça, cujo gabinete fica do outro lado da Esplanada. Eles insistiram que só falam com Barbosa.
A principal reivindicação do funcionalismo é reajuste salarial de 27,3%, que representa a reposição da inflação desde 2010. O percentual foi calculado a partir da variação estimada do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto de 2010 a julho de 2016, em torno de 44%, descontando-se os 15,8%, em três parcelas (2013, 2014, 2015) concedidos em 2012, mais ganho real de 2%.
“As primeiras medidas do novo governo foram de restrição de despesas. A campanha salarial unificada é uma forma de indicar que não vamos aceitar que o servidor pague a conta, muito menos a repetição do que aconteceu em 2012, quando o Executivo retirou um índice da cartola”, disse Rudinei Marques, presidente da União das Carreiras de Estado (UCE).
Os servidores querem também definição da data-base em 1° de maio; paridade salarial entre ativos, aposentados e pensionistas; incorporação de gratificações produtivistas; isonomia de benefícios; e revogação das Medidas Provisórias 664 e 665, que apertaram as regras de acesso a benefícios como abono salarial, seguro-desemprego e auxílio-doença.
Lamentações
Na próxima terça-feira, as representações sindicais vão tentar, mais uma vez, antecipar o encontro com o ministro. A atitude de Nelson Barbosa de marcar reunião somente para março foi interpretada como um recurso para esvaziar o movimento.
Os servidores se recusam a negociar com o secretário Sérgio Mendonça, alegando que ele não tem poder de decisão. “Queremos falar diretamente com o ministro. A SRT é um mero setor burocrático para a gente chorar as mágoas. É um muro de lamentações. Não participaremos mais de nenhuma mesa de enrolação”, afirmou Sérgio Ronaldo da Silva, secretário-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef).
Fonte: Correio Braziliense