O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, deve repetir o percurso feito pelo antecessor Joaquim Levy há um ano e subir os Alpes suíços na tentativa de reverter o mau humor dos investidores internacionais com o Brasil. Ele pretende ficar três dias no Fórum Econômico Mundial, em Davos, com objetivos claros: buscar um voto de confiança, assegurar à elite global que o ajuste nas contas públicas não está sendo abandonado e demonstrar como a economia brasileira poderá sair da crise.
Barbosa, que nunca esteve entre os frequentadores habituais de Davos, foi incentivado pela própria presidente Dilma Rousseff a escalar a montanha mágica e enfrentará seu primeiro grande teste internacional no novo cargo. O fórum, que ocorre desta vez de 20 a 23 de janeiro, tem debates públicos e também costuma propiciar uma avalanche de reuniões bilaterais entre seus participantes. Barbosa já recebeu diversos pedidos de encontros com autoridades estrangeiras e empresários, mas sua assessoria ainda não divulgou quais estão agendados.
O Palácio do Planalto não confirma, mas Dilma não deve ir a Davos neste ano, e o cerimonial do Itamaraty já foi parcialmente desmobilizado dos preparativos. Ela havia sinalizado interesse em ir quando esteve com o fundador do fórum, Klaus Schwab, em paralelo à última Assembleia Geral das Nações Unidas. Schwab havia até proposto o lançamento do “ano olímpico” em uma cerimônia com o presidente do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach, e Dilma gostou da ideia.
No entanto, enfrentando dificuldades políticas, ela prefere ficar em Brasília neste mês. Dilma só esteve em Davos uma vez em seus cinco anos de mandato, em 2014, quando ocupou a principal sala de conferências do evento para falar a um auditório tomado de investidores. Leu um discurso de quase 30 minutos, repleto de estatísticas, e a pontualidade suíça impediu a abertura de uma tradicional sessão de perguntas capitaneada por Schwab.
No ano passado, Dilma desistiu na última hora de ir ao fórum porque ele coincidia com a posse do presidente da Bolívia, Evo Morales. Coube a Levy, falando sempre em inglês impecável, expor o receituário do segundo mandato: estímulo ao investimento, redução do déficit fiscal, realinhamento de preços e reformas econômicas. Foi elogiado por figuras como a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, e esteve com o secretário americano do Tesouro, Jack Lew. Ao lado do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, ele atraiu 80 empresários e executivos a um almoço organizado pelo Itaú Unibanco.
Tombini, que esteve em quatro das últimas cinco edições do fórum, também não deve participar neste ano. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que avaliará a possibilidade de um novo aumento da Selic para conter a inflação, está marcada para os dias 19 e 20.
Fonte: Valor Econômico