Base quer reforma ministerial

    Demissão de ministro da Educação reabre a temporada de cobranças por alterações no primeiro escalão, como tirar Mercadante da Casa Civil. Mas Dilma nega recomposição na equipe e classifica substituição no MEC como “pontual”

    O inferno astral do Planalto, ampliado com a queda de Cid Gomes do Ministério da Educação, reforçou os pedidos de aliados para que a presidente Dilma Rousseff promova reformas no alto escalão do governo federal e voltou a afetar o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Mesmo com o momento propício para as mudanças das peças no jogo de xadrez – na opinião de aliados no Congresso e de fontes palacianas – e com a pífia aprovação popular, de apenas 13%, a presidente resiste à ideia. Ontem, no Palácio do Planalto, ela ressaltou que não fará “reforma ministerial” e que a troca no MEC é “pontual”.

    Aliados enxergam o atual momento como ideal para a presidente remanejar Mercadante para a Educação e levar Jaques Wagner, titular da Defesa, ao Planalto. O ex-governador da Bahia é visto como um articulador mais preparado para enfrentar as turbulências atuais. “Vocês estão criando uma reforma no ministério que não existe. São alterações pontuais. Reforma ministerial é uma panaceia, ou seja, não resolve os problemas”, disse Dilma. “O MEC é um ministério dos mais importantes do país, porque eu tenho o compromisso de construir um caminho para a educação brasileira”, disse ela, sem divulgar nomes para a pasta. 

    O PMDB estaria de olho no Ministério da Integração Nacional e na articulação política do governo. A legenda toparia indicar um substituto para Pepe Vargas (PT) na Secretaria de Relações Institucionais (SRI). “Mas só se Jaques Wagner estiver na Casa Civil. Se Mercadante estiver lá, esquece”, confirmou um cacique peemedebista.

    Dilma também afirmou desconhecer o documento divulgado ontem pela imprensa que aponta falhas na comunicação do governo. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, o texto – que afirma que o Executivo vive “caos político” e adota “comunicação errática” – foi elaborado pela Secretaria de Comunicação do Planalto. “Não é um texto oficial do governo e o governo não o reconhece”, afirmou Dilma. 

    Protesto

    À tarde, em Goiânia, Dilma participou de evento para a assinatura de uma ordem de serviço destinada a obras de mobilidade urbana. Foi montado um forte esquema de segurança para impedir manifestantes de se aproximarem do local da solenidade. Um grupo de manifestantes que portava faixas com pedidos de impeachment foi mantido afastado. 

    Em discurso, Dilma voltou a pedir “diálogo”. “Nós temos a obrigação de respeitar a democracia. E como é que é a democracia? Direito de todos falarem, de todos se manifestarem, porém, também o direito a todos serem ouvidos. Por isso, peço tolerância e outra questão: diálogo.” Mais uma vez, a presidente falou em “humildade”, termo que tem sido usado quando ela fala em “ouvir a voz das ruas”.

    Antes do discurso presidencial, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), fez um ato de desagravo à presidente. “Sou de um partido que faz oposição à senhora, mas eu, não. Ninguém nunca me ouviu, aqui em Goiás, dizer uma só palavra que não fosse de respeito e reconhecimento ao trabalho que Vossa Excelência fez pelo estado.”

    “Vocês estão criando uma reforma no ministério que não existe. São alterações pontuais. Reforma ministerial é uma panaceia, ou seja, não resolve os problemas”

    Dilma Rousseff, presidente da República 

    Patrimônio monitorado

    Integrantes de conselhos de administração e fiscal de empresas estatais deverão entregar à Comissão de Ética Pública da Presidência da República as Declarações Confidenciais de Informações (DCIs). A decisão foi tomada ontem pelo colegiado palaciano. Nas DCIs, constam informações sobre a situação patrimonial e de renda das pessoas. Anualmente, o documento é exigido de ministros de Estado, presidentes, vice-presidentes, altos de cargos de confiança e diretores de estatais.

     

    Fonte: Correio Braziliense

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