Com o Ministério do Planejamento tendo rejeitado o pedido de autorização de concurso feito este ano, o quadro de pessoal do Banco Central (BC) segue se deteriorando e confirmando as previsões mais alarmantes. Além do déficit de servidores ter aumentado de abril para cá, agora são cerca de 700 aqueles que já podem se aposentar, segundo o Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal).
De acordo com os dados mais recentes divulgados pelo BC, a defasagem no quadro da autarquia é de 2.357 servidores, entre analistas, técnicos e procuradores. O equivalente a 36% da previsão legal, que é de 6.470. Além disso, de acordo com o Sinal, o número de aposentadorias poderá chegar a mil até o fim do ano que vem. Em reunião com o secretário de Gestão de Pessoas do Ministério do Planejamento, Augusto Akira Chiba, no último dia 5, o presidente do Sinal, Daro Piffer, alertou para a desestruturação dos órgãos de regulação do país, caso do BC. “Esses órgãos sofrem há anos com a alta defasagem em seus quadros. O governo nos tem deixado de lado e beneficiado apenas setores de arrecadação”, criticou.
Déficit crescente demanda concurso no BC
Em abril deste ano, quando o BC contava com 4.160 servidores, a FOLHA DIRIGIDA divulgou uma projeção apontando que, caso o fluxo de saídas se mantenha, o banco poderá fechar o ano com 4.057 funcionários. No fim de agosto, foram registrados 4.113 servidores, o que mostra que o encolhimento do quadro segue na direção apontada pela projeção. Segundo a estimativa, o total de funcionários chegará a 3.878 no fim de 2017, ultrapassando o patamar crítico de 4 mil servidores, nunca atingido, e 3.748 no fim de 2018. Dessa forma, o déficit seria de 42% do quadro previsto em lei.
Em um fórum sobre concursos realizado recentemente, o diretor de Assuntos Jurídicos do Sinal, Jordan Alisson, observou que, diferentemente do que aconteceu no resto do mundo, o banco central brasileiro teve o seu quadro reduzido em 20% desde a crise financeira de 2008 (veja no infográfico abaixo).
Novo pedido de concurso será feito em 2017
No início do ano que vem, o BC deverá reapresentar o seu pedido de concurso, que este ano foi para 99 vagas, e a expectativa é que a situação crítica force o governo a autorizar a seleção, a fim de impedir o comprometimento ainda maior das atividades da autarquia, que responde entre outros, pelo controle da inflação e pela fiscalização do sistema financeiro. O cargo de técnico tem requisito de nível médio completo e remuneração inicial de R$6.150,36, já com o auxílio-alimentação, de R$458. Para analista (nível superior) e procurador (superior em Direito) os iniciais são de R$15.461,70 e R$17.788,33, respectivamente. Há previsão de reajustes.
Fonte:Folha Dirigida