BC faz 50 anos e ganha protesto

    Funcionários viraram as costas para o presidente do banco durante a festa

    Banco CENTRAL comemorou ontem seus 50 anos sem alarde, mas foi marcado pelo protesto dos seus servidores. Evento fechado na sede, em Brasília, contou com a presença de alguns de seus comandantes mais recentes, como Henrique Meirelles, Armínio Fraga e Gustavo Franco. No entanto, técnicos da instituição decidiram virar as costas – literalmente – ao atual presidente ALEXANDRE TOMBINI, enquanto fazia o seu discurso. 

    Esses servidores entraram em greve de ontem até a próxima sexta-feira. 

    “Não penso que ninguém que passe por esta casa, que trabalhe na ativa, possa ficar indiferente às suas responsabilidades. Preservar o poder de compra da moeda e assegurar a estabilidade do Sistema Financeiro Nacional são pilares fundamentais para o desenvolvimento econômico e social de qualquer país, inclusive e certamente, do nosso País”, afirmou TOMBINI

    Tesouradas. Alvo de críticas pelo fato de a inflação estar acima da meta estipulada pelo governo e tendo que dar o exemplo de corte de gastos, a opção do BC foi organizar um evento tímido, no auditório da instituição. Uma explicação para a comemoração modesta é o ajuste fiscal. A instituição tem que dar o exemplo e cortar gastos, pois é uma das principais defensoras das “tesouradas” para aumentar a eficácia dapolíticamo-netária. Além disso, o BC já tem tido despesas extras com uma grande reforma em sua sede. 

    Outra explicação pode ser o momento pelo qual passa o BC. Na semana passada, a instituição admitiu que não deve entregar a inflação dentro do teto da meta de 6,5% este ano. Pelos cálculos do BC, a taxa será de 7,9% em 2015.A avaliação é a de que é melhor não haver alarde neste momento. Se a inflação estourar o limite superior da meta, TOMBINI terá de escrever uma carta ao ministro da Fazenda para apresentar explicações, o que não ocorre desde 2004. 

    Originalmente, o BC foi criado por uma lei de 1964 e iniciou suas atividades em 31 março de 1965, exatamente um ano depois do golpe militar. Antecipada em um dia, a festa não contou com a presença do ex-presidente do Banco Affonso Celso Pastore e do ex-diretor Alexandre Schwartsman. 

    Os dois trocaram farpas recentes comainstituição. Pastore chegou a dizer que a credibilidade de TOMBINI era baixa e o presidente lamentou o episódio. Pastore está em viagem ao exterior e foi mencionado por TOMBINI. Os convites foram enviados há cerca de um mês. Ao receber o seu, Schwartsman escreveu no Twitter que agradecia, mas por “teimosia” preferia não aceitar convites de quem o tenta processar. “Fica para os 100 anos!”, provocou. 

    Em agosto de 2014, o BC moveu uma ação contra o econo-mistaapós duas entrevistas concedidas por Schwartsman sobre aatuação do BC, em que usava expressões como “incompetente”, “subserviente” e “frouxo”. Em setembro, o BC decidiu não levar o caso adiante. 

    Ato político. O que era para ser um evento singelo, acabou se transformando num ato político. Cercade 30 técnicos doBC se levantaram e ficaram de costas durante a fala de TOMBINI. Com isso, os demais convidados que estavam sentados atrás dos manifestantes tiveram de se levantar para acompanhar o pronunciamento de TOMBINI, que continuou seu discurso.

    O objetivo era mostrar as inscrições na parte de trás das camisetas: “Comemorar o quê?”. A manifestação foi organizada pelo Sindicato Nacional dos Técnicos do Banco CENTRAL (SinTBacen)

     

    Aniversário polêmico 

    “Não penso que ninguém que passe por esta casa possa ficar indiferente às suas responsabilidades.” ALEXANDRE TOMBINI PRESIDENTE DO Banco CENTRAL

    “Fica para os 100 anos!” Alexandre Schwartsman

    EX-DIRETOR DO Banco CENTRAL

     

    Fonte: O Estado de S.Paulo

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