BC provoca ruídos

    Banco CENTRAL reduziu a venda futura de dólares no primeiro leilão de ontem, provocou alta da moeda norte-americana e estimulou ruídos entre os operadores de mercado, que suspeitaram de mudanças na política de intervenção da autoridade monetária. A divisa interrompeu quatro sessões de quedas consecutivas e subiu 0,1%, cotada a R$ 2,308, após chegar a R$ 2,292 na mínima do dia. Os investidores interpretaram a ação do BC como uma tentativa de firmar R$ 2,30 como um piso para o câmbio.

    No pregão de ontem, o BC vendeu apenas 2,4 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, sendo que a oferta diária do programa que a autoridade monetária promete manter até junho é de até 4 mil contratos. Esse movimento fez a moeda, que estava em queda ante o real na abertura, passasse a subir. Só depois, a instituição anunciou outro leilão de swap cambial tradicional para ofertar justamente o montante que ficou de fora de sua ração diária: 1,6 mil contratos.

    Tal postura levou bancos e corretoras a considerarem a possibilidade de o BC começar a reduzir as intervenções diárias no câmbio. Apesar da especulação, a posição oficial da assessoria de imprensa do órgão foi a de que “não há alteração na política de câmbio em vigor”.

    Para o gerente de Câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo, o BC não vai admitir que mudou a estratégia. “Até por que ele prometeu manter o programa de intervenções diárias até junho. Mas o mercado entendeu que a autoridade monetária quer manter o patamar mínimo de R$ 2,30”, disse. Conforme ele, o dólar estava cotado abaixo de R$ 2,29 quando o Banco CENTRAL anunciou o primeiro leilão e vendeu apenas parte do lote. “Aí a moeda subiu até R$ 2,32 e ele só voltou a vender depois, claramente para acomodar a cotação em R$ 2,30. O BC quer defender esse patamar, mas sem se entregar”, observou.

    Otimismo

    Nos últimos quatro pregões, o dólar havia se desvalorizado 1,82% frente ao real, estimulado pelo quadro de maior otimismo nos mercados internacionais e maior ingresso de recursos no Brasil. Boa parte dos especialistas interpretou a intervenção do BC de ontem como sinal de que a instituição não estaria confortável com a moeda norte-americana abaixo de R$ 2,30, por prejudicar as exportações.

    Galhardo destacou que o mercado está visualizando um fluxo maior de entrada de dólares no país, o que pode provocar a valorização do real. “Apenas neste mês, a entrada de dólares passou de US$ 7 bilhões, e a saída não chegou a US$ 3,5 bilhões. Portanto há um saldo bem positivo. O mercado não sabe o que fazer com tantos dólares”, analisou. (SK)

    »  Produção ainda em queda

    A produção da indústria recuou em fevereiro, mas a queda foi menos intensa que a do mês anterior, informou a pesquisa Sondagem Industrial, divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O indicador que mede a evolução da produção atingiu 48,3 pontos, contra 47,4 pontos em janeiro. Como continua abaixo de 50 pontos significa que ainda está em retração. O indicador varia de zero a 100. A utilização da capacidade instalada aumentou entre janeiro e fevereiro, de 70% para 72%. Os estoques efetivos em relação ao planejado pelas indústrias mantiveram-se estáveis, atingindo 49,9 pontos em fevereiro, quase chegando à linha divisória dos 50 pontos. A expectativa dos empresários para os próximos seis meses se manteve: eles estão otimistas tanto sobre a demanda, com 57,9 pontos, quanto sobre o volume das exportações (53,1 pontos).

     

    Fonte: Correio Braziliense

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