Por Claudia Safatle | De Brasília
Satisfeito com o resultado da política de “ração” diária para o mercado de câmbio e mais tranquilo com a sucessão no Federal Reserve após a desistência de Larry Summers, o Banco Central (BC) avalia que, com o real mais estável e em um patamar menos depreciado, o repasse da desvalorização cambial para a inflação será moderado. A depreciação começou a afetar os preços no atacado, mas ainda não contaminou os preços ao consumidor.
O BC acredita, também, que surgem sinais de que os investidores externos começam a diferenciar o Brasil dos demais países emergentes, retirando o país da lista dos “fragile 5”, os cinco países emergentes que estão mais frágeis e mais suscetíveis aos efeitos da mudança da política monetária americana – além do Brasil, Índia, Indonésia, Turquia e África do Sul.
A reunião do Fomc (sigla em inglês para o comitê de política monetária do Federal Reserve), que termina hoje, deve dar novas informações sobre os próximos passos do Fed para a normalização da política monetária. A desistência da candidatura de Summers para presidir o Fed reduziu a possibilidade de uma extinção mais acelerada dos estímulos monetários e reforçou a possibilidade de uma transição mais suave para a normalidade.
Se a taxa de câmbio se mantiver em torno do patamar em que está – ontem o dólar Ptax fechou em R$ 2,2611 -, o BC até poderá encerrar o ano com uma inflação ligeiramente menor que a do ano passado (5,84%). A pesquisa Focus divulgada na segunda-feira trouxe a projeção de variação do IPCA este ano de 5,82%.
Hoje, o presidente do BC, Alexandre Tombini, estará na Comissão Mista de Orçamento da Câmara e esta será uma boa ocasião para ele expor duas questões relevantes colocadas na última ata do Copom: a possibilidade de a política fiscal se tornar neutra para a inflação em 2014 e a expectativa de repasse cambial que o BC vislumbra agora.
Fonte: Valor Econômico