BC vê trajetória de recuperação gradual

    Por Alex Ribeiro | De Vitória

    A evolução regional do Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br) confirma uma recuperação disseminada da economia nos últimos trimestres, afirma o chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel.

    “Temos uma recuperação disseminada”, disse o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel, ao comentar ontem, em Vitória, os dados do Boletim Regional. “Os dados confirmam a avaliação do BC de que, depois de se estabilizar, a economia brasileira está em trajetória de recuperação gradual.”

    O IBC-Br regional mostra avanço em quatro das cinco regiões do Brasil no trimestre encerrado em agosto, na comparação com o trimestre anterior. O maior crescimento foi na região Centro-Oeste (2,1%) seguido da região Norte (1,7%), Sudeste (0,9%) e Sul (0,1%). Houve queda de 0,7% no Nordeste.

    “A economia começa a se estabilizar e, na margem, a gente vê uma reação gradual, com ritmos distintos”, disse Maciel. “O Centro-Oeste e Norte têm uma recuperação mais intensa do que demais e regiões.”

    A região Nordeste apresenta um desempenho menos favorável, entre outros fatores, devido à situação do mercado de trabalho, afirmou Maciel. “O Nordeste não mostra uma recuperação no mercado de trabalho tão forte como nas outras quatro regiões, porque a queda foi maior nos últimos anos”, disse. “No Nordeste, o desemprego foi de 8% para 16%.”

    Segundo ele, o setor agrícola “foi uma benção para a economia brasileira” em 2017. “Temos a primeira previa da Conab, e a perspectiva é que tenha uma boa safra no ano que vem. Mas não tão boa como em 2017, que foi favorável em vários fatores: clima, insumos e preços.”

    Maciel disse que o comércio já mostra uma recuperação em todas as regiões do país. “Vemos dois trimestres com dados positivos nas vendas em todas as regiões “, disse o chefe do Departamento Econômico do BC, destacando que a expansão é apoiada pela melhora do mercado de trabalho, aumento da renda real e a liberação de recursos das contas inativas do FGTS.

    A inflação, destacou, recuou em todas as regiões do país. “O efeito sobre a renda foi mais importante no Norte e Nordeste”, disse. Nessas áreas, os preços dos alimentos – que caíram com mais vigor – têm peso maior na cesta de consumo.

    Mas os serviços como um todo, pontual Maciel, ainda não entraram no território positivo nas diferentes regiões do Brasil. “Serviços são o último setor a entrar em recessão e o último a sair delas”, afirmou. “No período de expansão da economia, as pessoas formam uma nova cesta de serviços, incluindo escolas privadas, por exemplo. E demoram mais para deixar esse novo estilo de vida.”

    No caso da indústria, a expectativa é que os dados regionais a serem divulgados nos próximos dias mostrem expansão em todas as regiões. Do lado da demanda, disse, o que puxa a recuperação gradual é o consumo. “O investimento mostrou retração. Só nos últimos dados a gente vê o segmento de bens de capital um pouco melhor”, disse Maciel.

    Segundo ele, o setor externo continuará a atenuar a crise em 2017. “As exportações cresceram em todas as regiões, com o quadro de crescimento global favorável.”

    Fonte: Valor Econômico

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