Bolsa corrige pessimismo exagerado após protestos

    O temor de protestos violentos contra o governo no domingo não se confirmou. Embora as manifestações tenham sido volumosas, tudo transcorreu de forma organizada e sem declarações mais hostis contra o governo. 

    Os investidores que esperavam pelo pior tiveram que corrigir na Bovespa ontem os exageros de vendas de ações da semana passada. O vencimento de opções sobre ações inflou o volume financeiro, mas não causou grande volatilidade, com os “vendidos” (que apostaram na baixa das ações) predominando novamente neste exercício.

    O Ibovespa fechou em alta de 0,52%, aos 48.848 pontos, com volume de R$ 7,725 bilhões inflado pelo vencimento de opções, que somou R$ 2,113 bilhões. Entre as principais ações do índice, Bradesco PN (1,48%) e Petrobras PN (1,92%) terminaram no azul, Itaú PN ficou estável, Ambev ON (-0,33%) e Vale PNA (-0,30%) fecharam em terreno negativo.

    Operadores acreditam que a bolsa brasileira permanecerá sem rumo pelo menos até quarta-feira, quando o Federal Reserve (Fed, o BancoCENTRAL americano) divulgará sua decisão de política monetária, seguida de entrevista coletiva da presidente da instituição, Janet Yellen.

    “O mercado está se preparando para quarta-feira. Novas tomadas de decisão de investimento só devem acontecer a partir da fala de Yellen”, diz o analista técnico da Clear Corretora, Raphael Figueredo. “Provavelmente o discurso da ´paciência´ deve sair do comunicado”, o que seria um recado do Fed de que os juros devem subir em breve, acredita o especialista. 

    Para o economista da Guide Investimentos, Ignacio Crespo Rey, o mercado brasileiro viveu ontem um alívio de curta duração, ajudado também pela melhora do cenário externo, que está influenciado pelas expectativas sobre a decisão do Fed. “O mercado espera principalmente pela entrevista de Janet Yellen após a reunião. Até lá, o clima deve ser de alívio, mas eu creio que o dólar pode voltar a subir forte depois do Fed”, diz. 

    Em relação ao Brasil, o economista da Guide avalia que o momento ainda é delicado. “Os protestos tendem a se intensificar. Novas manifestações já estão sendo convocadas para abril. A repercussão lá fora tem sido bastante negativa. O Brasil tende a ser visto como um dos países mais frágeis entre os emergentes, o que pode intensificar a saída de capital externo quando o Fed decidir elevar os juros.” 

    No topo do Ibovespa ficaram as ações das concessionárias de rodovias CCR ON (5,55%) e Ecorodovias ON (3,00%). Segundo operadores, os investidores estão otimistas com a nova licitação da ponte Rio-Niterói – atualmente administrada pela CCR. 

    Ontem, seis empresas entregaram os envelopes com propostas para a disputa. A abertura dos envelopes está marcada para quarta-feira. O Valor apurou que CCR e JSL (-4,00%) estão entre as empresas que devem disputar a concessão. 

    Na ponta negativa do Ibovespa ficaram as empresas de papel e celulose: Klabin Unit (-3,37%), Fibria ON (-3,26%) e Suzano PNA (-3,15%). Na sexta-feira, a Fibria negou rumores de que estivesse negociando uma combinação de suas atividades com a Suzano.

     

    Fonte: Valor Econômico

    Matéria anteriorPrévia do PIB cai 1,34% em janeiro
    Matéria seguintePresidente sanciona com vetos novo Código de Processo Civil