CAE aprova dois novos diretores para o BC

    Eduardo Campos | De Brasília

    A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE) aprovou as indicações de Maurício Costa de Moura, para a diretoria de administração, e de Paulo Sérgio Neves de Souza, para a diretoria de fiscalização do Banco Central (BC). Os nomes foram aprovados por 14 votos favoráveis e um contrário. A votação foi aberta e finalizada antes mesmo das perguntas dos senadores. Por serem funcionários de carreira, há menor resistência dos senadores.

    Falta agora a votação das indicações pelo plenário do Senado, que pode ocorrer hoje, e a publicação das nomeações e outros atos oficiais para que os dois já participem da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da próxima semana. A previsão inicial do BC era a de que todos esses atos seriam finalizados até o dia 4. Se isso não for possível, Anthero Meirelles (fiscalização) e Luiz Edson Feltrim (administração) seguem como membros votantes.

    A sessão foi conduzida pelo presidente da CAE, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que também informou que o presidente do BC, Ilan Goldfajn, deve comparecer à comissão no dia 26 de setembro.

    Praticamente sem presença da oposição, a audiência transcorreu sem grandes embates. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) declarou voto nos dois por serem funcionários de carreira, mas se disse um eleitor descrente, pois acredita que o BC deveria ter ação mais forte na fiscalização. O senador questionou o fato de Ilan ser egresso do banco Itaú.

    Perguntado sobre uma suposta demora do BC em cortar os Juros, Moura disse que o BC tem sinalizado com clareza seu pensamento sobre a intensidade e continuidade do ciclo e que após avaliar o cenário base e o balanço de riscos tomará a melhor decisão sobre a continuidade do ciclo de corte da Selic. O juro básico está em 9,25% ao ano e deve cair a 8,25% na próxima semana, segundo o consenso de mercado.

    Sobre as operações de Swap cambial, Moura esclareceu que elas existem para dar proteção (“hedge”) ao mercado quando ele tiver disfuncional. E que o atual nível de swaps, na linha dos US$ 28 bilhões, “está confortável para ser gerenciado pelo BC”.

    O senador Ataídes de Oliveira (PSDB-TO) questionou o nível das reservas internacionais e a possibilidade de usá-las para pagamento de dívida ou investimentos – pergunta recorrente em audiências e sessões com representantes do BC. Segundo Moura, as reservas permitiram ao país atravessar a crise internacional e a recessão sem sofrer ataques especulativos ou ter fuga de capitais. As reservas também serviram de lastro ao programa de swaps.

    Moura disse que não existe padrão internacional para se verificar um nível ótimo de reservas. “O nível atual cumpre seu papel”, disse, ressalvando que no futuro nada impede que esse debate acontece.

    Já Souza rebateu as críticas sobre concentração bancária, afirmando que o tema é de preocupação do BC – mas que a concentração no Brasil não difere de outros países, como Holanda, Portugal, Suíça e Reino Unido. “O fato de ter concentração não quer dizer que não tenha concorrência”, disse.

    Os dois indicados também defenderam a criação da Taxa de Longo Prazo (TLP), que está em fase final de votação pelo Congresso.

    Fonte: VALOR ECONÔMICO

    Matéria anteriorEstudo defende duplicar investimento em infraestrutura
    Matéria seguinteBolsa brasileira está entre as maiores altas dos emergentes