Clima econômico é o pior desde 1991

    Indicador da Fundação Getúlio Vargas, o ICE mostra que o ambiente de negócios também piorou no Brasil e na América Latina

     

    Idiana Toitutzdli / Rio

    O Indicador de Clima Econômico (ICE) brasileiro atingiu em julho o menor nível desde janeiro de 1991, aos 55 pontos, informou ontem a Fundação Getúlio Vargas (FGV). A perspectiva cada vez menor para o crescimento da economia do País este ano foi o que mais pesou para o resultado.

    O índice é medido no âmbito da Sondagem da América Latina, realizada pela FGV em parceria com o instituto alemão Ifo. Na região, a percepção sobre o ambiente de negócios também piorou, mas em menor medida. No conjunto de países latinos, o ICE caiu 7% em relação abril, para 84 pontos.

    No caso do Brasil, o recuo foi de 22,5%, também em comparação a abril. A pesquisa é apurada a cada três meses,j unto a analistas do mercado financeiro e alguns agentes de bancos centrais, sem ligação política ou partidária.

    Segundo a economista Lia Valls, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, o resultado foi influenciado pela percepção sobre o momento atual e pelas expectativas. “O que pode realmente ter influenciado muito foi a perspectiva de menor crescimento econômico. Isso é alço que pesa”, disse.

    “Temos a informação do mercado. A cada semana que sai, (a expectativa para) o PIB (Produto Interno Bruto) é revisado para baixo. Há perspectiva de que a balança comercial vai piorar, a inflação está elevada”, disse.

    Na segunda-feira, o grupo formado por profissionais de cerca de iço instituições financeiras consultados pelo Banco CENTRAL (BC) reviu para baixo a estimativa de crescimento neste ano pela navez consecutiva. O Boletim Focus, relatório divulgado semanalmente, mostrou que o PIB deve ter expansão de apenas 0,81% em 2014.

    A piora do ICE brasileiro ocorre principalmente por fatores domésticos, ressaltou Lia. “Houve aumento muito grande no peso que se dá aos problemas que o Brasil tem, como inflação, falta de confiança no governo, problemas que antes não eram apontados como tão complicados para o País. Antes, era o problema da falta de competitividade”, citou.

    Argentina. Além do Brasil, a Argentina teve sensível piora no ICE, que passou de 75 pontos em abril para 57 pontos em julho. A principal influência foi, segundo a FGV, a dificuldade de o país renegociar sua dívida com os holdouts, fundos hedge que possuem títulos da dívida pública argentina que não entraram nas reestruturações de bônus feitas pela Casa Rosada em 2005 e 2010.

    Pressionado por esses resultados, o clima econômico da América Latina piorou, mesmo com a melhora no indicador mundial, que subiu 3% na esteira dos indícios de recuperação nos Estados Unidos e do otimismo com a Ásia. Com a queda do ICE brasileiro em julho, o único país com pior clima econômico e a Venezuela, aos 20 pontos, patamar mínimo da pesquisa.

    • Em queda 55 pontos foi o índice medido para o Brasil pelo Indicador de Clima Econômico (ICE) em julho, o menor desde janeiro de 1991, segundo a FGV

     

    Fonte: O Estado de S.Paulo

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