Com crise, consumo consciente regride

    Fatia de brasileiros que adotavam práticas financeiras, ambientais e sociais passa para 28%, mostra pesquisa

    Autor: DANIELLE BRANT

    Para educador do SPC Brasil, falta de margem no orçamento familiar e sociedade ‘consumista’ explicam hábitos piores

    Na crise, os brasileiros estão entrando mais no cheque especial e gastando acima do previsto em promoções, de acordo com pesquisa do birô de crédito SPC Brasil.

    O percentual dos chamados consumidores conscientes passou de 32%, em 2016, para os atuais 28%. A variação fica dentro da margem de erro da pesquisa, que ouviu 607 pessoas entre os dias 5 e 17 de maio.

    Por isso, o SPC Brasil considera que não há diferença estatística em relação à sondagem divulgada no ano passado.

    Mas José Vignoli, educador financeiro do birô de crédito, reconhece que houve uma regressão, principalmente na maneira como o brasileiro lida com suas finanças.

    “As práticas financeiras pioraram um pouco, enquanto achávamos que, com a crise, iam melhorar”, afirmou. “O que vimos foi que os consumidores negligenciaram as práticas financeiras.”

    Algumas perguntas feitas na sondagem revelam essa piora. No ano passado, 84,7% diziam não recorrer ao Cheque especial para fechar as contas do més. Neste ano, essa fatia caiu para 72,3%.

    Já a parcela que não gastava mais que o previsto em promoções recuou de 80,6% no ano passado para 64,5%.

    Para Vignoli, a falta de margem de manobra no orçamento familiar, com o desemprego em patamares históricos no país (13,3% em maio), ajuda a explicar essa regressão nas práticas financeiras.

    “As pessoas já fizeram os ajustes ou estão bastante apertadas. Não há uma política de educação financeira para explicar o melhor uso do crédito. Estamos em uma sociedade muito consumista, e as pessoas não conseguem simplificar seus hábitos.” Outra pesquisa do SPC Brasil divulgada nesta terça retrata essa dificuldade. Segundo o levantamento, 17% dos consumidores conseguiram poupar parte da renda em maio —3 em cada 4 entrevistados não guardaram nada.

    Fonte: Folha de S. Paulo

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