Confusão na forma de governar

    O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes afirmou ontem que houve “uma confusão entre governar e fazer campanha eleitoral”, em uma crítica às políticas adotadas pela gestão Dilma Rousseff. “O governo está em xeque de novo e se fala em necessidade de reforma política. Não vamos fazer reformas mais profundas neste contexto de crise”, disse o ministro, no Seminário Saídas para a Crise, em um painel que discute política e os rumos das mudanças. 

    Participaram da abertura do evento, na manhã de segunda-feira, além de Gilmar Mendes, o senador Romero Jucá (PMDB-RR); o presidente da OAB-SP, Marcos da Costa; o deputado e presidente da Alesp, Fernando Capez (PSDB); e o presidente da Fundação Padre Anchieta, Marcos Mendonça, entre outros. O seminário é promovido por OAB-SP, Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), Instituto de Estudos Avançados da USP e TV Cultura. 

    Para Gilmar Mendes, o problema da corrupção crescente no país não está vinculado às doações privadas para as campanhas eleitorais. “Corrupção não tem a ver com financiamento eleitoral, mas com método de governança.” 

    O ministro criticou a crescente onda de corrupção no país que vem sendo desvendada pela Operação Lava-Jato. Segundo ele, a investigação deixou claro que se criou “uma “forma corrupta em toda a sua extensão”. E sem citar especificamente a gestão petista que comanda o país há cerca de 13 anos, defendeu que “isso precisa ser encerrado”. Ele destacou que a política foi contaminada e estruturou-se no Brasil um modo de fazer política corrupta. 

    Em sua exposição, o ministro do STF comentou a ação direta de inconstitucionalidade impetrada pela OAB na Corte contra o financiamento privado de campanhas políticas. Ele disse que o pedido “engendra um laranjal”, com doações ocultas sob pessoas físicas, por exemplo. “Esperam de nós proibir doações privadas para campanhas eleitorais. Dizer que o problema da corrupção está neste sistema, não parece que seja assim.” E reiterou que, no seu entender, o problema é de governança. 

    “O governo está em xeque de novo e se fala em necessidade de reforma política. Não vamos fazer reformas mais profundas neste contexto de crise”

    Gilmar Mendes, ministro do STF

     

    Fonte: Correio Braziliense

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