MOODY’S DIMINUI PARA “ESTÁVEL” PERSPECTIVA PARA TÍTULOS BRASILEIROS
Manobras contábeis, empréstimos para bancos públicos e baixo crescimento também pesaram na decisão
DE SÃO PAULO
A agência de classificação de risco Moody’s reduziu de “positiva” para “estável” a perspectiva para os títulos da dívida brasileira.
A empresa americana atribui a decisão a piora ou estagnação de alguns indicadores fiscais e econômicos, como a fatia do investimento em relação ao PIB e a dívida pública ante o PIB.
O crescimento fraco da economia brasileira também pesou na decisão. “A expectativa é de continuidade do enfraquecimento com o crescimento esperado para o PIB pouco superando 2% em 2013 e 2014, levando a um avanço abaixo da média por quatro anos consecutivos”, afirmou a Moody’s em comunicado.
O outro fator que influenciou na piora do cenário foram os empréstimos “recorrentes” do Tesouro para bancos públicos e o uso de manobras contábeis pelo governo para cumprir as metas de superavit primário.
A agência foi a segunda das gigantes do setor a rebaixar a perspectiva para os títulos do Brasil. Em junho, foi a vez de a Standard & Poor’s colocar os papéis em perspectiva “negativa”.
“Podemos reduzir a nota do Brasil nos próximos dois anos se o fraco crescimento da economia, a piora nas contas públicas, a deterioração no balanço de pagamentos, e a perda de credibilidade da condução da política econômica reduzirem a capacidade do país de administrar choques externos”, afirmou a agência na ocasião.
Pelo “termômetro” da Moody’s, os papéis brasileiros são classificados como “Baa2”, um degrau acima do grau de investimento, selo de bom pagador do país –mesma classificação da S&P.
Segundo a Moody’s, a economia brasileira dá sinais de que pode estar começando a se recuperar, mas é “improvável” que sejam fortes o suficiente para fazer a empresa mudar a perspectiva novamente para “positiva”.
“ECONOMIST”
Na semana passada, a economia brasileira foi alvo de críticas também da revista britânica “The Economist”.
Reportagem de 14 páginas tratou das dificuldades que o país agora enfrenta para investir e educar a população. O país teria, segundo a publicação, esbarrado na sua baixa produtividade –o brasileiro produz 18% do que produz um americano.
Para melhorar isso, é preciso melhorar a infraestrutura, mas o país tem fracassado, diz a revista.
Fonte: Folha de S.Paulo