Votação faz parte de estratégia de Cunha para permitir que Câmara analise gestão de 2014 de Dilma
Das quatro contas, apenas a de Itamar segue à promulgação porque já passou pelo Senado. As outras terão de ser apreciadas pelos senadores. Ainda há 11 contas pendentes de aprovação, seja na Comissão Mista de Orçamento, seja em uma das Casas do Congresso. Embora Cunha tenha dito que votaria as contas em ordem cronológica, há a possibilidade de recurso para antecipar a votação de contas mais recentes. Entre as pendentes, há uma do ex-presidente Fernando Collor com parecer pela rejeição.
Deputados aproveitaram o debate das contas para fazer críticas tanto aos governos Lula e Dilma, quanto à decisão do presidente Eduardo Cunha de desengavetar a votação das contas.
– Expresso aqui a minha crítica ao posicionamento nessa pauta bomba de prestação de con-
tas. Vossa excelência, presidente Eduardo Cunha, está há seis meses na presidência e não pautou. No momento em que vazou a delação do Júlio Camargo, uma das reações foi dizer: “sou oposição” e abrir caminho para as contas de 2014 – criticou Henrique Fontana (PT-RS).
– A análise de contas não pode ser processo de vingança de natureza política-eleitoral, nem de caráter pessoal. Pautar o conjunto de contas, depois de um pronunciamento público, onde se anunciou como aposição, passou a mensagem para a opinião pública que a avaliação de contas teria sido um arranjo para se vingar ou para exercer um processo de defesa em relação ao governo federal e ao desdobramento de qualquer investigação – acrescentou Glauber Braga (PSB-RJ).
Deputados do PMDB e de outros partidos defenderam a iniciativa de Cunha de desengavetar a votação. A oposição fez críticas aos governos petistas.
– No governo Lula a Petrobras estava sendo roubada. Eles cometeram um atentado contra a economia do povo brasileiro. Como vamos aprovar as contas de Lula? Não dá. Rejeitar as contas de Lula é deixá-lo inelegível e quero que Lula fique inelegível – afirmou losé Carlos Aleluia (DEM-BA).
– Do ponto de vista político, as contas do presidente Lula merecem reprovação. Ele é o artífice dessa situação em que se encontra o país. Se vivêssemos um parlamentarismo, esse governo Dilma já teria caída. Deveríamos votar contra as contas do Lula para exemplo a todo país – defendeu Luiz Carlos Hauly (PR). Apesar da fala do deputado e de outros, o PSDB encaminhou a favor da aprovação das contas de 2006 de Lula.