Copa afeta agenda política (Correio Braziliense)

    A maioria dos candidatos lamentou a perda da Seleção Canarinho. Eles esperam o encerramento do Mundial para deslanchar na corrida ao Palácio do Buriti. Por enquanto, fazem reuniões com as equipes, aprovam material de divulgação e vão às ruas sem grande alarde

    A eliminação da Seleção Brasileira da Copa do Mundo também repercutiu na agenda de ontem dos candidatos ao Governo do Distrito Federal. Coincidentemente, o fracasso da equipe no Mineirão fará com que o time retorne à capital no sábado para a disputa pelo terceiro lugar do torneio, em partida contra a Holanda. Entre os políticos, teve até quem apostasse que a derrota seja capaz de impulsionar melhorias políticas necessárias, mas outros duvidam do potencial que a eliminação pode trazer.

    “Foi um jogo frustrante. O desempenho pífio do time deve desanimar a população e cobrar de nós, candidatos a cargos públicos, maior responsabilidade no enfrentamento dos desafios e na adoção das medidas necessárias para as melhorias que queremos para o país. Acho que se a derrota vier com esse sentido, será positivo. A população não aguenta mais incompetência”, declarou Pitiman (PSDB). Toninho concorda que a frustração do povo pode ser direcionada a algum candidato, mas duvida do efeito que tal movimento possa refletir a longo prazo. “Isso passa muito rápido. Também acho que o povo, frustrado, possa direcionar sua decepção para algum lugar, mas com a chegada da campanha e com o direcionamento da tevê para assuntos eleitorais, acho que o povo vai acabar esquecendo”, aposta.

    O encerramento da competição esportiva deve abrir o período de campanha dos candidatos. A maioria ainda tem concentrado esforço em reuniões para definir os últimos detalhes e estratégias para a disputa. A partir de semana que vem, no entanto, deve ser dada a largada pelos pedidos de votos. Mais reclusa ainda é a candidatura de Perci Marrara (PCO). Em contato com o Correio, a candidata orientou que os pedidos de entrevista sejam feitas ao diretório nacional da legenda, em São Paulo, mas os telefonemas não foram atendidos.

     

    Campanha nas ruas

     

    Questão agrária na ordem do dia

    O governador Agnelo Queiroz, candidato à reeleição, não teve agenda de campanha ontem. Como está em exercício de mandato, o comitê de apoio do governador deverá manobrar os horários do chefe do Executivo com cuidado para evitar que assuntos de campanha e de trabalho no Palácio do Buriti sem misturem. Por isso, as agendas deverão ser feitas em horários alternativos. Agnelo terá que pedir votos no horário de almoço, após o expediente ou nos fins de semana. Hoje, por exemplo, ele terá reunião com lideranças dos movimentos sociais relacionados à pauta agrária entre o meio-dia e as 14h. O encontro será no Núcleo Bandeirante.

    Agnelo também tem se reunido com a coordenação de campanha para tratar da agenda de candidato. Nos próximos dias, ele deve participar de um ato que deve oficializar o apoio de integrantes do movimento Hip-Hop de Brasília à candidatura dele. Está programada uma visita à Ceasa, onde ele deverá apresentar um plano de reconstrução do espaço. As datas esses encontros, no entanto, ainda não foram definidas.

    O governador deverá se concentrar na aprovação do seu material de campanha, que envolvem vídeos, folderes e banners. O kit de visibilidade do candidato ainda não está pronto e precisa ser aprovado logo para correr às mãos dos eleitores.

    Atividades com discrição

    O candidato tem adotado mistério na divulgação das atividades públicas. Ele pretende evitar que grandes aglomerações o afastem do contato mais próximo do eleitorado. Por isso, os locais e os horários das caminhadas são definidas poucos minutos antes das visitas pelo próprio Arruda. Segundo a coordenação de campanha, a orientação é um pedido pessoal do candidato, que quer aproveitar todo o tempo possível para ouvir a população sem distrações, mas, principalmente, para falar sobre o que ele considera ser um golpe que lhe tirou do poder, em 2009.

    Ontem, ele acompanhou o julgamento, pelo Tribunal de Justiça do DF (TJDFT), de uma apelação de seus advogados. A corte foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal a dar prosseguimento ao julgamento do seu caso na segunda instância da Justiça do DF. Em seguida, o ex-governador teve reuniões marcadas para o período da noite no Pôr do Sol, em Ceilândia, às 20h, e em Brazlândia, às 21h. Nas redes sociais, Arruda tem investido boa parcela de atenção. Em uma rede social, ele tem se dedicado a mostrar as principais realizações na época em que governou o DF, especialmente nas áreas de mobilidade urbana, saúde e educação. Na mesma página, o eleitor encontra a agenda do candidato e um dossiê com que se apresenta para se defender das acusações de integrar um esquema de corrupção no governo em 2009.

    Andanças para ouvir o eleitor

    Pitiman passou a maior parte do dia, ontem, reunido com os núcleos político e técnico para definir estratégias de campanha. Andanças nas ruas das regiões administrativas estão programadas somente a partir de amanhã e deverão se estender até a véspera da eleição, em outubro. “Vamos nos concentrar nos locais de grande circulação de pessoas, visitando o comércio, ouvindo o que as pessoas têm a dizer sobre os principais desafios da cidade”, antecipa. Pela manhã, o tucano esteve com a equipe que cuidará da sua imagem durante a campanha. Aprovou vídeos e material gráfico, que deve chegar às ruas a partir de sábado, segundo o candidato.

    “Nosso material de campanha foi feito com muito bom gosto e preocupado em ser claro na hora de transmitir nossas propostas à população. O fundamental será mostrar que estamos comprometidos com a mudança e com a eficiência na Gestão Pública“, diz. À tarde, o deputado federal ainda se reuniu com o presidente da legenda no DF, Eduardo Jorge, para discutir estratégias de ação. “Queremos fazer uma campanha propositiva, sem claque, preocupada em resgatar nossa cidade e comprometida com uma nova forma de fazer política”, promete Pitiman.

    Hoje, caminhada no Gama

    O senador candidato ao governo também não teve agenda externa ontem. Ele se manteve reunido com sua equipe para discutir o plano de governo da coligação e as estratégias de campanha. “Estamos nos retoques finais do nosso plano de governo, que iremos apresentar publicamente à população na semana que vem”, antecipa o candidato. O material foi feito no último ano e meio e reúne as conclusões de 12 núcleos temáticos, cinco seminários e a opinião de dezenas de especialistas que avaliaram os principais desafios da capital. Segundo Rollemberg, as prioridades giram em torno da governança, da redução da burocracia, da transparência e da eficiência de gestão.

    “Vamos reduzir as secretarias e os cargos comissionados, dotar o Estado de servidores públicos concursados, e abrir nosso governo à fiscalização da população. Queremos montar um foro de discussão exclusivo da sociedade, em que o governo não participa, apenas ouve. Queremos, por exemplo, divulgar todas as contratações do governo em painéis nas ruas e com linguagem simples para qualquer cidadão entender”, promete. Hoje, às 9h, ele faz caminhada no Gama. O ponto de encontro será no Setor Central, ao lado da 14ª Delegacia de Polícia.

    Corpo a corpo no Sudoeste

    O socialista iniciou o dia em caminhada pelo comércio do Sudoeste, região de alto poder aquisitivo da capital. A aposta de investir atenção no bairro vem das pesquisas encomendadas pela sigla, que apontam boa aceitação do candidato por lá. “Fomos conferir esse indicador por meio de um corpo a corpo com um grupo de 30 militantes. Uma caminhada como essa é importante para ouvir o que tem a dizer a população”, comenta. No fim da manhã, o cabeça de chapa do Psol ainda se reuniu com candidatos do partido a deputado distrital e com lideranças no segmento do cooperativismo.

    À tarde, Toninho esteve com sua equipe de comunicação para ajustar os próximos passos da campanha e tirou um tempinho para dar um trato no visual. Isso porque hoje, a partir das 8h, na área externa do Museu da República, ele terá sessão de fotos com os candidatos do partido para o material de divulgação. “Saímos dos estúdios e investimos no céu aberto de Brasília até para mostrar os amplos espaços que dispomos em nossa cidade”, explica. Este ano, o PSol deverá apresentar 13 candidatos à Câmara dos Deputados e 37 para a Câmara Legislativa. Entre os candidatos ao Legislativo local, o partido aposta na eleição de Maninha, que teve 12,8 mil votos na eleição passada e acabou de fora porque o partido não alcançou o número mínimo de votos para eleger um candidato.

     

    Fonte: Correio Braziliense

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