ANA CAROLINA DINARDO
A possibilidade de criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar esquemas de pirâmide financeira foi discutida ontem durante audiência pública da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara dos Deputados. A questão, entretanto, dividiu os integrantes do colegiado, que ouviu representantes do Ministério Público e de empresas suspeitas de adotarem essa prática, considerada ilegal.
Na mira da Justiça, os empresários buscam no Congresso Nacional apoio para escaparem das acusações. O presidente da Telexfree, Carlos Costa, disse não ter o que temer caso a CPI seja instalada. “Não somos pirâmide, e vamos provar isso, pois pagamos impostos ao governo”, declarou. A empresa é acusada pelo Ministério Público do Acre de fazer recrutamento de investidores sob disfarce de marketing multinível.
O procurador da República Bruno Ferreira da Silva destacou que o pagamento de impostos não livra a Telexfree das acusações. “Há empresas lícitas e ilícitas que pagam impostos. As ilegais, no entanto, não pagam todos, o que não as impede de ser pirâmides”, explicou.
A Bbom teve os rendimentos bloqueados pela Justiça Federal há dois meses. O presidente da empresa, João Francisco de Paulo, disse que comercializa produtos e serviços por meio de marketing multinível — um modelo que premia os vendedores que atraem outros vendedores para a rede. O principal serviço, segundo ele, é o de rastreamento de veículos. “Vendemos nossos produtos como qualquer estabelecimento comercial. Somos uma empresa legal”, disse.
Fonte: Correio Braziliense