Críticas ao inchaço do governo

    Aécio e Eduardo condenam a quantidade de ministérios criados nos 12 anos da gestão petista e prometem reduzir a estrutura. Dilma, por sua vez, afirma que o corte de pastas defendido pelos adversários atingirá pastas importantes para setores da sociedade civil

     

    AMANDA ALMEIDA

    ANDRÉ SHALDERS

    PAULO DE TARSO LYRA

    ANTONIO TEMOTEO

     

    Na tentativa de traçar um perfil técnico que agrade ao empresariado, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) se alinharam, ao falar para a plateia na Confederação Nacional da Industria (CNI), nos ataques à presidente Dilma Rousseff (PT). Os dois reclamaram de inchaço da máquina pública e prometeram reduzir a estrutura do governo. Já a petista defendeu os 39 ministérios mantidos pela atual gestão e devolveu as críticas questionando quais pastas estão na mira dos adversários.

    Aécio e Eduardo não detalharam quais ministérios cortariam caso fossem eleitos. O tucano disse que a redução de pastas está sendo estudada pela equipe e que, provavelmente, a proposta final será acabar com cerca de metade das pastas. “Isso não quer dizer que as políticas públicas tocadas por esses ministérios deixem de ser importantes. Quando Fernando Henrique deixou o governo, tínhamos 23. Hoje, tem ministérios existem para acomodar militantes políticos”, disse o tucano.

    Em resposta, Dilma insinuou que os adversários vão mexer em pastas que tratam de setores da sociedade civil organizada. “Querem acabar com o status de ministério que tem a Secretaria das Mulheres? Direitos Humanos, estão querendo acabar com o status de ministério? Então, não vamos dar tanto respaldo a toda essa necessidade de criar um programa de combate à tortura no Brasil. Rigorosamente não são do tamanho da Fazenda, mas têm sentido político em ser ministério”, defendeu.

    Superstição

    Dilma aproveitou, ainda, pergunta sobre possível corte de ministérios em um eventual segundo mandato para dar uma alfinetada no ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. “Outro dia me perguntaram isso (se haverá redução no número de ministérios). Tenho algumas superstições. Não sento na cadeira de presidente no segundo mandato antes de ser eleita, igual fizeram anteriormente, sentando na cadeira de prefeito. Sou supersticiosa. Sentaram na cadeira de prefeito antes da eleição e perderam. Eu não sento”, ironizou ela, referindo-se à derrota de FHC para Jânio Quadros em uma disputa pela Prefeitura de São Paulo, em 1985.

    Eduardo Campos, que tenta se viabilizar como alternativa aos 20 anos de polarização PT-PSDB, buscou concentrar a crítica na tese de que ele e a vice, Marina Silva, representam o novo na política brasileira. “O Brasil não aguenta mais quatro anos acompanhado de Sarney (José Sarney, senador do PMDB), Fernando Collor (senador pelo PTB) e Renan Calheiros (senador do PMDB)”, resumiu.

    Aécio repetiu o discurso ao também se colocar como alternativa de renovação. Já Dilma apontou que a reforma política é a solução para uma mudança política no país. “Só acredito que o Brasil fará uma reforma política, depois de várias tentativas no governo Lula, no meu governo e depois das manifestações de junho, por meio de uma ampla participação popular. Plebiscito é condição para se aprovar a reforma política”, disse.

    “Quando Fernando Henrique deixou o governo, tínhamos 23. Hoje, tem ministérios existem para acomodar militantes políticos” 

    Aécio Neves, candidato do PSDB ao Planalto

    Comitiva de assessores

    Se como diz o escritor o homem é o homem e suas circustâncias, uma sabatina presidencial não envolve apenas o candidato. É ele e seus assessores, sejam eles consultores, aliados ou até ministros, no caso da presidente Dilma Rousseff. Em pleno horário de trabalho, acompanharam Dilma seis ministros: Garibaldi Alves (Previdência); Aloizio Mercadante (Casa Civil); Guido Mantega (Fazenda); Mauro Borges (Indústria e Comércio); Guilherme Afif (Micro e Pequena Empresa); Clélio Campolina (Ciência e Tecnologia); Thomas Traumann (Comunicação Social); além de Luciano Coutinho (BNDES) e Aldemir Bendine (Banco do Brasil). Dilma levou ainda o vice-presidente, Michel Temer. 

    Ao lado de Marina Silva, Eduardo Campos levou o coordenador do programa de governo, Maurício Rands, e um time de assessores e parlamentares aliados. Aécio Neves também fez o mesmo. Discretamente, no fundo do auditório, encontrava-se o ex-deputado Eduardo Azeredo, que renunciou ao mandato após ser denunciado pelo Supremo Tribunal Federal. O processo acabou sendo remetido à primeira instância. 

    Dilma Rousseff, em pelo menos três momentos, provocou a jornalista que mediava o debate pedindo que tivesse mais tempo mais expor suas ideias. “Minha situação é diferente, não posso dizer apenas o que vou fazer, mas também o que eu fiz”, brincou ela. Depois de duas quedas de braço com a apresentadora, ela completou: “Pode não parecer, mas nós nos queremos bem”, declarou Dilma.

    Os representantes do PIB limitaram-se a aplaudir nos momentos em que surgiam propostas, silenciando nos instantes em que as intervenções limitavam-se a ataques mútuos entre os candidatos. Mas eles também reclamaram do tempo escasso para as perguntas e, muitos deles, não conseguiram sintetizar os questionamentos nos cinco minutos exigidos pelo cerimonial. (PTL)

     

    Fonte: Correio Braziliense

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