Custo da dívida pública recua pelo 12º mês com Selic e inflação

    Eduardo Campos e Fábio Pupo | De Brasília

    Tanto o custo de carregamento como o de emissão da dívida pública brasileira seguem em firme trajetória de queda, captando a redução da Selic, que está em 8,25%, e da inflação, que roda abaixo dos 3% no acumulado em 12 meses. O coordenador-geral de operações da dívida pública, Leandro Secunho, destacou que agosto marcou o 12º mês seguido de queda do custo do estoque total, que está em 10,62% ao ano e é o menor desde julho de 2010 (10,58%).

    Considerando apenas a dívida interna, o custo fechou agosto em 10,85%, o menor desde janeiro de 2014 (10,80%). Para dar uma dimensão da queda, em agosto do ano passado esse custo estava na casa dos 14%.

    As emissões em mercado também têm custo cadente. Em agosto, o custo foi de 11,1%, contra 11,38% em julho e 14,56% em agosto de 2016. O custo médio da NTN-B, que é indexada ao IPCA, por exemplo, foi de 8,5%, contra 16,52% em agosto do ano passado. A LTN teve custo de 11,36% no mês passado, recuando de 14,78% um ano antes.

    Mesmo com taxas cadentes, Secunho explica que o Tesouro não enfrenta falta de demanda. De fato, a instituição tem adotado uma postura mais conservadora, emitindo menos títulos que o demandado pelo mercado.

    “O primeiro semestre foi muito positivo, emitimos acima do planejado. Assim, não houve necessidade de revisão do Plano Anual de Financiamento [PAF]. A expectativa é encerrar o ano dentro dos intervalos apresentados no começo do ano”, disse Secunho.

    Em agosto, a Dívida Pública Federal (DPF) subiu 1,87%, para R$ 3,404 trilhões. Pelos parâmetros do PAF, a DPF deve encerrar o ano entre R$ 3,45 trilhões e R$ 3,65 trilhões. Já a Dívida Pública Mobiliária Federal Interna (DPMFi) avançou 1,91%, para R$ 3,286 trilhões, reflexo de emissão líquida de R$ 33 bilhões.

    Com relação à composição, o pagamento de cupom de NTN-B levou a uma queda dos ativos indexados a índices de preços, para 30,73% da dívida interna (de 31,37% em julho). Assim, subiram os prefixados, de 35,18% para 35,77%, e os ativos atrelados à Selic, de 33% para 33,06%.

    Ainda de acordo com Secunho, o pagamento de cupom de NTN-B, somado a um vencimento de prefixados em outubro, também explica as principais variações no quadro de detentores. Os fundos de investimentos se tornaram os maiores financiadores do governo, respondendo por 25,18% da dívida interna ou R$ 827 bilhões, desbancando as instituições de previdência, que caíram de 25,28% para 24,83%.

    Segundo o coordenador-geral, as instituições de previdência venderam os títulos prefixados que vencem em outubro para os fundos de investimento. Além disso, o estoque desse grupo capta mais fortemente o vencimento de cupom.

    Os investidores estrangeiros realizaram compras líquidas de dívida no mês passado, elevando marginalmente sua posição, que foi de R$ 413,87 bilhões para R$ 416,19 bilhões. Mas em termos percentuais a fatia do não residente caiu a 12,66%, a menor desde junho de 2012.

    No ano, em termos absolutos o não residente é vendedor líquido de cerca de R$ 10 bilhões em dívida, o que sugere uma continuidade, mesmo que mais tímida, de um movimento de realização de lucros que derrubou a posição do estrangeiro em R$ 70 bilhões no ano passado.

    Fonte: Valor Econômico

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