CUT fala em greve geral contra terceirização

    Em encontro com sindicalistas, Renan Calheiros prometeu um “amplo debate” sobre o projeto; já o presidente da CNI pediu pressa na votação

    Mesmo em pé de guerra com o governo, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), prometeu ontem abrir um amplo debate sobre o projeto de lei que regulamenta a atividade de terceirização no País. A falta de pressa na votação da proposta, sinalizada por Calheiros, abre uma brecha para que o governo consiga negociar na casa as mudanças defendidas e que não foram incluídas no texto aprovado pela Câmara. 

    Calheiros promoveu ao longo do dia de ontem reuniões com empresários e trabalhadores. Ao fazer uma dura defesa de mudança no projeto de regulamentação da terceirização, afirmou que a presidente Dilma Rousseff vai continuar sem falar no Dia Internacional do Trabalho se não trabalhar pela alteração da proposta aprovada pela Câmara. No início da noite, anunciou em plenário que o projeto passará por quatro comissões do Senado e que fará uma sessão temática no dia 12 de maio para discutir a proposta de terceirização. 

    O presidente da CUT, Vagner Freitas, ameaçou com uma greve geral em todo o País se o projeto de terceirização for votado no Senado sem mudanças negociadas e debatidas com a sociedade. “Se nada disso funcionar, vamos solicitar o veto da presidente e, para auxiliar o veto, vamos fazer um greve no Brasil contra o projeto”, advertiu Freitas. 

    Mesmo assim, ele classificou a reunião com Calheiros e as centrais sindicais de “histórica”. O presidente do Senado se comprometeu com um processo democrático de debate, com o projeto passando pelas comissões, sem compromisso com prazos estabelecidos e galerias do plenário abertas para o povo assistir a votação. 

    Segundo Freitas, o projeto aprovado pela Câmara representa uma precarização do mercado de trabalho no País e uma volta das regras para 60 anos atrás, “antes de Getúlio Vargas”. “E fazer com que as empresas não tenham responsabilidade com os trabalhadores”, atacou. 

    Por outro lado, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, que também esteve com Calheiros, afirmou que o setor tem “pressa” na votação do projeto que trata da regulamentação da terceirização no País. 

    Andrade disse ter conversado com o presidente do Senado sobre a importância da proposta para a indústria. Destacou que há pelo menos 12 milhões de trabalhadores no País que, segundo ele, não têm nenhuma segurança jurídica pela falta de regulamentação da terceirização. / colaborou Isadora PERON 

    Lula diz que Dilma vetará projeto 

    • O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse ontem que a presidente Dilma Rousseff vai vetar “tranquilamente” o projeto que flexibiliza as regras de terceirização na contratação de trabalhadores caso ele seja aprovado no Congresso. Segundo ele, o Projeto de Lei 4330 “é um retrocesso ao (período) antes da era Vargas”. “Tranquilamente a companheira Dilma vai vetar”, disse Lula, após discursar na abertura de um evento que celebrou os 35 anos das grandes greves do ABC, em São Bernardo do Campo. / ELIZABETH LOPES E VALMAR HUPSEL FILHO

     

    Fonte: O Estado de S.Paulo

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