Sinais reiterados de pressões inflacionárias deram suporte a uma nova rodada de alta dos juros futuros ontem na BM&F. É consenso entre tesourarias e economistas que o Comitê de política monetária (Copom) do Banco CENTRAL (BC), premido pela necessidade de evitar uma piora ainda maior das expectativas, não tem alternativa a não ser decretar hoje uma nova alta da Selic em 0,25 ponto percentual, para 11% ao ano, em um comunicado que deixe espaço para uma dose extra de aperto em maio.
O choque nos preços dos alimentos já se espraia do atacado para a inflação ao consumidor. Um dos elementos que preocupam é a evolução dos preços na coleta diária realizada pela Fundação Getulio Vargas (FGV), que mostra, pelo conceito de ponta, uma alta de 1,16% do IPCA. Pelo critério de média, a taxa é de 1,07%. Para especialistas, com uma alta maior dos preços dos serviços durante a Copa do Mundo, o IPCA acumulado em 12 meses pode estourar o teto da meta da inflação (6,5%). Como há necessidade de descompressão dos preços administrados – energia, combustíveis e transportes públicos – teme-se que a inflação se consolide em nível elevado, provocando uma deterioração das expectativas para o IPCA.
Ontem, a taxa do contrato futuro de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2015 – que, em tese, reflete as apostas sobre o rumo dos juros daqui até o fim do ano – subiu de 11,12% para 11,14%. Cálculos da gestora de recursos Quantitas mostram que a curva a termo reflete probabilidade de 92% de que o Copom eleve a Selic hoje em 0,25 ponto.
Tradicionalmente, em um processo de aperto monetário, os juros futuros mais longos tendem a perder fôlego. Isso porque, com a perspectiva de um arrefecimento da inflação, investidores pedem menos prêmios de risco para carregar posições prefixadas. No ambiente atual, contudo, o que se vê é uma alta das taxas dos DIs com vencimento mais distante. Isso reflete a descrença de que uma dose extra de alta da taxaSelic seja capaz de pôr tanto a inflação corrente quanto as expectativas em trajetória descendente. Ontem, por exemplo, a taxa do contrato para janeiro de 2017 subiu de 12,47% para 12,53%.
O desconforto com a inflação é muito grande. Se o Copom interromper o aperto ou não for duro no discurso, os juros longos vão subir mais , diz Fernando Aldabalde, sócio da gestora GS Allocation Investimentos.
Fonte: Valor Econômico