A delação do senador Delcídio do Amaral (MS), homologada ontem pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, levou a Operação Lava-Jato para o centro do governo, ao envolver em supostas irregularidades a presidente Dilma Rousseff, o ministro Aloizio Mercadante (Educação), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Edinho Silva (Secretaria de Comunicação).
As acusações de Delcídio também incluíram lideranças do PMDB, como o vice-presidente da República, Michel Temer, o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), e o senador Romero Jucá (RR).
O principal partido de oposição, o PSDB, foi outro alvo da delação, com denúncias contra o presidente da legenda, senador Aécio Neves (MG), que teria atuado para evitar a quebra de sigilo do Banco Rural na CPMI dos Correios, em colaboração com o atual prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), que na época era sub-relator da comissão e secretário-geral do PSDB.
O acordo de delação foi fechado com a Procuradoria-Geral da República, no âmbito da Lava-Jato, e ganhou validade jurídica ao ser homologado pelo STF. Com isso, os depoimentos poderão ser usados para embasar novas investigações sobre o esquema de corrupção na Petrobras. Delcídio terá que devolver R$ 1,5 milhão aos cofres públicos por seu envolvimento em desvios na petroleira estatal.
Ex-líder do governo no Senado, Delcídio afirmou que a presidente Dilma tentou obstruir as investigações do esquema de corrupção na empresa. Também entregou gravações em que o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, prometeria interceder junto ao presidente doSupremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, e ao presidente do Senado, Renan Calheiros, “para tomarem partido favoravelmente ao depoente, no sentido de sua soltura”.
Fonte: Valor Econômico