Dilma dá posse a ministros e reforça seus compromissos

    Manutenção dos fundamentos macroeconômicos com crescimento, inclusão social e redução das desigualdades

    Mariana Mainenti
    Brasília

    A presidenta Dilma Rousseff aproveitou a substituição de titulares de quatro ministérios para enviar recados ao mercado e aos opositores. Embora a cerimônia fosse para formalizar as trocas de comando em duas pastas da área social, Saúde e Educação, da Comunicação Social e da Casa Civil, Dilma enfatizou em seu discurso que o governo petista segue as diretrizes da manutenção dos fundamentos macroeconômicos com crescimento da economia, inclusão social, redução das desigualdades e gerando empregos, mesmo diante “da maior crise econômica internacional desde 1929”. E, sem poupar elogios aos egressos dos ministérios da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e da Saúde, Alexandre Padilha — ambos candidatos —, desejou que os “amigos” tenham “muito sucesso em sua caminhada”.

    Mais tarde, na cerimônia de abertura dos trabalhos legislativos de 2014, Dilma enviou mensagem ao Congresso reafirmando o compromisso de seu governo com a responsabilidade fiscal e medidas que façam com que a inflação convirja para o centro da meta estabelecida pelo governo.

    Ao mesmo tempo em que a presidenta focou nas respostas aos críticos da área econômica do governo, a posse dos novos titulares do ministério deram o tom de continuidade das políticas em áreas estratégicas para a reeleição. Ainda sofrendo pressões da base aliada por mais cargos, às quais precisa atender para garantir apoios, Dilma marcou território com os titulares escolhidos.

    “Aos novos ministros, peço que atendam fundamentalmente a uma orientação que merece ser repetida: trabalhar, trabalhar muito, trabalhar pelo Brasil e pelos brasileiros. (…) Somos um governo que tem responsabilidades e cumpriremos com empenho e trabalho todas as nossas tarefas até 31 de dezembro. Nesse período, estamos decididos a melhorar cada vez mais a qualidade dos serviços”, afirmou a presidenta, que enfrentou em 2013 a forte onda de manifestações que teve como foco a exigência de mais qualidade dos serviços públicos.

    A estratégia do governo — partir ao ataque sem descuidar da defesa — contou com aprovação dentro dos ministérios. Os aplausos à citação de José Henrique Paimpe-la presidente mostra que, na Educação, o clima é de tranquilidade diante da ascensão do até então secretário-executivo ao cargo de ministro. Segundo ela, a única missão de Paim é “agir”, uma vez que já tem todo o conhecimento dos programas Alfabetização na Idade Adulta, Ciência Sem Fronteiras e Pronatec, carros-chefes do ministério durante a gestão de Aloízio Mercadante — agora alçado a Casa-Civil, lugar que, segundo Dilma, precisa do “talento” do petista.

    Gleisi Hoffmann, que deixa a Casa Civil para concorrer ao governo do Paraná, foi elogiada pela presidenta, em especial pela condução do programa de concessões em infraestrutura e o Viver Sem Limite, para pessoas com deficiência e de tratamento e prevenção voltado aos usuários de crack. Dilma destacou o trabalho “sério e competente” da jornalista Helena
    Chagas à frente da Secretaria de Comunicação Social e disse que o sucessor dela, Thomas Traumann, “saberá manter no exercício da sua função a relação de respeito” que seu governo “sempre teve com a imprensa”.

    Apesar de denúncias envolvendo Arthur Chioro, na Saúde, a opção por ele foi vista como uma solução salomônica. A avaliação dentro do governo é de que ascensão de um dos secretários do ministério poderia gerar divisões e o nome de Chioro emergiu como uma saída que seria internamente aceita, pois ele já havia atuado na pasta anteriormente, à frente do desenho do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

    Ao referir-se ao antecessor Alexandre Padilha — candidato ao governo do Estado de São Paulo -, Dilma manifestou seus “calorosos agradecimentos” e foi muito aplaudida ao destacar a importância do programa Mais Médicos no “resgate da essência do Sistema Único de Saúde”. Padilha aproveitou para agradecer a seus pais, que foram militantes de esquerda durante a ditadura militar.

     

    Fonte: Brasil Econômico

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