Documento “não faz sentido”, diz Mantega

    Ministro Guido Mantega: “Com atraso, o FMI está repetindo um erro cometido seis meses atrás por analistas”

    Para esvaziar o relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI), que coloca o Brasil como um dos países emergentes mais vulneráveis, e minimizar a politização do material, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que o documento “não faz sentido” e deve ter sido elaborado por um “escalão inferior”. O relatório do FMI foi utilizado pela oposição para criticar o governo.

    “Com atraso, o FMI está repetindo um erro cometido seis meses atrás por analistas”, afirmou. “Se vocês não tivessem dado importância, eu não estaria aqui”, disse Mantega. Em agosto do ano passado, o Morgan Stanley incluiu o Brasil no grupo dos “cinco frágeis”, países mais suscetíveis à instabilidades na economia global.

    Para sustentar o raciocínio de que o Brasil não é uma economia vulnerável, Mantega disse que o câmbio teve valorização de 9,4% nos últimos seis meses em relação a outras moedas e a Bolsa cresceu 21,5%. Além disso, afirmou que o Brasil tem elevadas reservas de divisas e baixa dívida externa, e os investidores estrangeiros estão colocando dinheiro no país. “São sinais de que o Brasil tem a confiança do mercado internacional e que é sólido do ponto de vista cambial”, afirmou.

    O ministro ressaltou que o aumento da produção de petróleo pela Petrobras vai melhorar o resultado da conta-petróleo, o que se refletirá em um déficit menor nas transações correntes brasileiras. Mantega estima aumento de 8% na produção de petróleo da Petrobras neste ano, em relação a 2013. “A conta-petróleo vai resgatar o resultado melhor da conta corrente. A trajetória ascendente da produção da Petrobras vai reverter o deficit da conta-petróleo”, explicou.

    Mantega disse que considerou “corretas” as medidas adotadas na semana passada pelo Banco CENTRAL (BC) para estimular o crédito com a flexibilização dos compulsórios. Segundo ele, as ações vão colocar mais liquidez na economia. “É importante para reativar o crédito”, afirmou.

    Para o ministro, com a liberação de compulsórios os bancos estão tendo um estímulo de rentabilidade para emprestar mais dinheiro. Segundo ele, a medida adotada pelo BC não deverá ter impacto inflacionário. Mantega explicou que os principais fatos que influenciaram os índices de preços foram os preços dos alimentos. “Tudo isso está superado.” O ministro acrescentou que “o combate à inflação está sendo exitoso” e a inflação está numa trajetória descendente.

    Mantega rebateu previsões de analistas de que a economia brasileira está em recessão. “Não vai haver recessão neste ano. Quem está falando em recessão está equivocado”, disse.

    O ministro afirmou também acreditar que não haverá default da dívida da Argentina. “Eu acho que não, espero que não tenha default. Não seria conveniente para ninguém, nem para os fundos abutres”, afirmou. “É uma situação que para todos vale a pena negociar.”

    Na avaliação de Mantega, no caso do não pagamento da dívida pelo país vizinho, a corrente de comércio com o Brasil não será afetada, porque os ajustes já foram feitos. “Aquilo que tinha que ajustar na Argentina já ajustou, já estamos exportando menos”, disse.

     

    Fonte: Valor Econômico

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