Dólar amplia queda após discurso de Tombini

    O dólar recuou ontem no câmbio com o real, acompanhando o movimento no exterior. A moeda acelerou o movimento, após o discurso do presidente do Banco CENTRALALEXANDRE TOMBINI, em evento ontem no Itau BBA. A apresentação do presidente do BC foi interpretada por alguns agentes do mercado como uma sinalização da continuidade do ritmo de alta da Selic na próxima reunião do Comitê de política monetária(Copom). A elevação da taxa de básica aumenta a atratividade das operações de “carry trade”, que buscam ganhar com a arbitragem de juros, dando suporte ao real. 

    A moeda americana caiu 1,98%, encerrando a R$ 3,0619, devolvendo a alta de 1,66% registrada na segunda-feira. 

    No exterior, dados econômicos mais fracos que o esperado nos Estados Unidos reforçaram a perspectiva de que o Banco CENTRAL americano, o Fed, pode adiar a alta da taxa básica de juros. 

    A melhora do quadro de incertezas no mercado local – com a menor tensão no cenário político e perspectiva de divulgação do balanço auditado de 2014 da Petrobras – também tem colaborado para o alívio da pressão de alta do dólar. 

    O cenário externo, contudo, é o fator determinante para o apetite por ativos de riscos. 

    Dados econômicos mais fracos que o esperado da economia americana reforçaram a expectativa de que o Fed possa adiar o início da alta dos juros no país, impulsionando as moedas emergentes. Em março, as vendas do varejo no país cresceram 0,9% ante fevereiro, abaixo da expectativa do mercado, que previa expansão de 1,1%. 

    Os indicadores de atividade nos EUA e o discurso moderado do Fed têm reduzido as apostas em uma alta da taxa de juros em junho, sendo a ação postergada para o segundo semestre no cenário dos agentes econômicos. 

    Até a decisão do Fed, o panorama para as moedas emergentes tende a ser de volatilidade. Há o risco de novas rodadas de desvalorização à medida que se aproxime o início da normalização da política monetária nos EUA. 

    Além disso, apesar da melhora da percepção de risco local, há muitas dúvidas sobre a implementação do ajuste fiscal, necessário para evitar um rebaixamento do rating soberano brasileiro. 

    Ao ser sabatinado ontem na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Tony Volpon, indicado para o cargo de diretor de assuntos internacionais do Banco CENTRAL, afirmou que a taxa de câmbio atual está mais perto do nível de equilíbrio. 

    Segundo Volpon, a queda nos termos de troca ajuda a explicar a desvalorização recente do real. “Se esse patamar não mudar, é muito provável que esse novo patamar [do dólar] que atingimos hoje seja o que devemos observar nos próximos períodos”.

     

    Fonte: Valor Econômico

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