BC dos Estados Unidos avalia que atividade econômica na maior economia do mundo ainda mostra sinais de fraqueza e, com isso, afasta a possibilidade de elevação das taxas de juros em junho. Divisa norte-americana recua diante das principais moedas. Bovespa perde 1,08%
A notícia afastou a possibilidade imediata de uma corrida de investidores para ativos denominados em dólar, o que criaria uma forte pressão de alta da divisa em todo o mundo, prejudicando, sobretudo, países emergentes. No exterior, o dólar também caiu diante das principais moedas, depois que a ata foi divulgada. Apesar de o Fed ter afirmado que o fraco desempenho da economia dos EUA no primeiro trimestre se deveu a “fatores transitórios”, vários membros do colegiado avaliaram que a tendência de recuperação não está clara. A queda nas cotações do petróleo, por exemplo, que, em tese, aumentou o poder de compra da população, não se traduziu em aumento do consumo nesse início de 2015.
O Fed trabalha com uma meta de inflação pouco abaixo de 2% anuais, mas os índices de preço têm se mantido muito abaixo dessa marca, o que não justificaria elevação dos juros neste momento, mesmo com a melhora verificada no mercado de trabalho, com o desemprego tendo caído para bem menos do que 6%. A maioria dos analistas já havia descartado a possibilidade de alta em junho e redirecionado as apostas para setembro, mas, agora, começa a ser considerada com mais força a hipótese de que o BC dos EUA deve realinhar as taxas apenas no fim do ano. Os juros têm sido mantidos perto de zero desde a crise de 2008, na tentativa de estimular o consumo e os investimentos.
O dólar começou a ser negociado em baixa, mas, na maior parte do dia, investidores relutaram em trazer as cotações muito para baixo, temendo que a ata do Fed, que só seria divulgada à tarde, trouxesse algum elemento que indicasse elevação aperto da política monetária. No entanto, o documento informou que a maioria dos integrantes do órgão espera melhora da atividade econômica após a desacaleração dos três primeiros meses do ano, mas manifestou também preocupações com a debilidade dos gastos do consumidor, o esfriamento da economia da China e o agravamento da crise da Grécia.
Na avaliação dos analistas, a ata refletiu o teor do comunicado de abril. “Como não houve alteração no discurso, muitos tomaram coragem para vender dólares”, disse Italo Abucater, da corretora Icap. Agora, os investidores devem buscar sinalizações sobre os rumos da política do Fed no pronunciamento que a presidente da instituição, Janet Yellen, fará amanhã.
Bolsa
Se contribuiu para a queda do dólar, o conteúdo da ata do BC norte-americano não conseguiu segurar o preço das ações na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa), que terminou em queda pelo terceiro dia consecutivo. Principal índice do pregão, o Ibovespa recuou 1,08%, para 54.901 pontos, pressionado pelos papéis do setor bancário, que se enfraqueceram devido aos rumores de que o governo poderá aumentar a carga tributária das instituições financeiras para complementar as receitas necessárias ao ajuste fiscal.
As ações do Bradesco e do Itaú Unibanco caíram 2,51% e 1,78%, respectivamente, enquanto o Banco do Brasil teve perda de 0,95%.
Fonte: Correio Braziliense