Dólar e juros caem no aguardo de nova equipe

    Por Silvia Rosa, José de Castro, Lucinda Pinto e Antonio Perez | De São Paulo

     

    Os mercado de câmbio e juros tiveram dia positivo ontem diante da perspectiva de que a presidente Dilma Rousseff anuncie a nova equipe econômica na quinta-feira e sinalize ajustes na política fiscal.

     

    O dólar comercial caiu 0,41%, encerrando a R$ 2,537, devolvendo parte do ganho de 1% registrado no pregão anterior, descolando do movimento de alta da moeda americana no exterior após a divulgação do crescimento acima do esperado do PIB do país no terceiro trimestre.

     

    Investidores reagiram ontem a notícias de que a presidente Dilma Rousseff deve confirmar na quinta-feira a nomeação de Joaquim Levy, ex-secretário do Tesouro Nacional e atualmente diretor-superintendente da Bradesco Asset Management (Bram), para o Ministério da Fazenda e de Nelson Barbosa, ex-secretário executivo da pasta, para o Planejamento.

     

    Para o economista para a América Latina do Standard Chartered bank, Italo Lombardi, a nomeação de Levy, se confirmada, é uma notícia positiva, mas a retomada da confiança dos investidores ainda depende de outros elementos. “Precisamos ver se ele terá autonomia para fazer os ajustes e se haverá condições para essas mudanças serem implementadas.”

     

    Outra questão que preocupa os investidores estrangeiros é a incerteza quanto à continuidade do programa de intervenção no câmbio, previsto para acabar em 31 de dezembro. “Acho que tem espaço para o Banco CENTRAL parar com as vendas de swaps nos leilões da “ração diária” e fazer as rolagens dos contratos dependendo das condições de mercado”, diz Lombardi.

     

    O Standard Chartered prevê um câmbio a R$ 2,60 por dólar no fim de 2014 e em R$ 2,70 ao fim do primeiro trimestre de 2015. “Achamos que o câmbio irá se desvalorizar, não só em função dos fundamentos domésticos, mas também por causa do movimento do dólar lá fora, que deve começar a subir com a aproximação da normalização da taxa básica de juros pelo Federal Reserve no ano que vem.”

     

    Comenta-se no mercado algumas possibilidades de indicação também para o Tesouro Nacional em substituição ao atual secretário Arno Augustin. Entre os cotados para o cargo estariam Carlos Hamilton, atual diretor de Política Econômica do Banco CENTRAL; Tarcísio Godoy, que foi secretário adjunto do Tesouro Nacional na gestão de Levy e atualmente é diretor da Bradesco Seguros e Previdência; e Eduarda La Rocque, que trabalhou com Levy na secretaria da Fazenda da prefeitura do Rio.

     

    Todos os nomes são bem vistos pelo mercado, uma vez que possuem um perfil mais ortodoxo que o atual secretário do Tesouro, cuja gestão ficou conhecida pela expansão dos gastos públicos e uso de artifícios contábeis para cumprir a meta de superávit primário.

     

    A expectativa pelo anúncio da equipe econômica também move os juros futuros para baixo. Mas é praticamente consenso que, além da confirmação dos nomes já indicados, são aguardadas medidas efetivas que confirmem um ajuste na política macroeconômica e reforcem o apetite do investidor por ativos prefixados. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2017 fechou a 12,17%, ante 12,30% na véspera. Já a taxa do DI para janeiro de 2021 encerrou a 11,80% ante 12,22% no pregão anterior.

     

    Fonte: Valor Econômico

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