Dólar passa por correção e sobe 0,86%

    Os mercados domésticos passaram ontem por uma correção, após a queda do dólar e das taxas de juros futuros de longo prazo verificada na semana passada, sustentada pelo aumento das apostas no impeachment da presidente Dilma Rousseff.

    O dólar comercial subiu 0,86%, para encerrar a R$ 3,7916, descolando do movimento da moeda no exterior.

    Sem notícias novas no cenário político, os investidores aproveitaram a alta do dólar para recompor os prêmios de risco nos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) na BM&F. O DI para janeiro de 2017 subiu de 14,05% para 14,13%, enquanto o DI para janeiro de 2021 avançou de 14,7% para 14,89%.

    Analistas afirmam ter verificado um fluxo negativo ontem, que ajudou a intensificar a alta do dólar no mercado local.

    Investidores seguem acompanhando as notícias no campo político. Embora a leitura do mercado seja de um aumento das chances de impeachment da presidente Dilma, após o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter sido levado para depor na Política Federal no âmbito da Operação Lava-Jato, o processo deve ser longo e pode acabar intensificando a recessão econômica no Brasil.

    Em meio ao ambiente de incertezas, o Banco Central (BC) renovou ontem todos os 9.600 contratos de swap cambial ofertados no leilão de rolagem, que venceriam em abril.

    Na sexta-feira, a autoridade monetária rolou apenas 8 mil dos 9.600 contratos ofertados no leilão, levantando dúvidas sobre a continuidade da rolagem do estoque de swaps cambiais, que soma US$ 108,113 bilhões, a fim de limitar a queda do dólar no mercado local. Foi a primeira vez desde setembro que o BC não promoveu a venda total dos contratos ofertados, o que sugeriu, na opinião de alguns analistas, que o patamar de R$ 3,70 poderia ser um novo piso defendido pelo BC.

    Apesar de alguns analistas verem a possibilidade de o BC aproveitar a menor pressão de alta do dólar para reduzir o estoque em swaps cambiais, a inflação corrente em patamar ainda elevado e as incertezas no cenário político e fiscal dificultam uma diminuição das intervenções no mercado de câmbio.

    O mercado aguarda a divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), prevista para a próxima quinta-feira. Segundo Paulo Petrassi, sócio-gestor da Leme Investimentos, a ata do Copom deve vir muito parecida com a da reunião de janeiro, com o BC dando ênfase à piora do cenário externo ao mesmo tempo em que deve manter a palavra vigilante para indicar a estabilidade de juros no curto prazo.

    “O mercado está muito volátil e tem operado com as notícias sobre as investigações da Lava-Jato e as chances de impeachment”, afirma Petrassi.

    A pesquisa Focus divulgada ontem mostra que as expectativas de inflação para este ano voltaram a avançar, depois de terem recuado na semana passada. A mediana das projeções para o IPCA subiu de 7,57% para 7,59% para o fim de 2016 e ficou estável em 6% para 2017. Já a mediana das projeções para taxa Selic aponta para uma estabilidade da taxa de juros em 14,25% neste ano, recuando para 12,50 ao fim de 2017.

     

    Fonte: Valor Econômico

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