Dólar segue toada externa e avança

    Por Silvia Rosa e José de Castro | De São Paulo

     

     Depois da queda de 2,11% na sexta-feira, o dólar fechou em alta em relação ao real ontem. Foi um movimento de correção diante de incertezas em relação à nomeação da nova equipe econômica e da valorização da divisa americana no exterior. O dólar comercial subiu 1,02% e fechou cotado a R$ 2,5476.

    A moeda americana abriu ontem em queda em relação ao real, mas perdeu ímpeto com o fortalecimento da divisa no exterior e após dados mais fracos que o esperado no balanço de pagamentos. Os números reforçaram a visão de que há necessidade de uma desvalorização do câmbio para ajustar as contas externas.

    O adiamento do anúncio da nova equipe econômica também deixou sequelas. Na sexta-feira, notícias davam como certa a indicação de Joaquim Levy, ex-secretário do Tesouro Nacional e atualmente diretor-superintendente da Bradesco Asset Management (Bram), para o Ministério da Fazenda e de Nelson Barbosa, ex-secretário executivo da pasta, para o Planejamento. O anúncio, no entanto, ficou para esta semana. “O mercado deu uma estressada com o adiamento do anúncio. Investidores comentam que a presidente estaria tendo problema em convencer a base partidária da escolha de Joaquim Levy para a Fazenda”, diz João Medeiros, diretor de câmbio da Pioneer Corretora.

    Na sexta-feira, o mercado reagiu positivamente à possibilidade da escolha de Levy para a Fazenda. O executivo, que esteve à frente do Tesouro no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é conhecido por ter promovido um forte ajuste fiscal.

    A escolha de Levy, visto com um perfil mais ortodoxo, reforça a perspectiva de que o Banco CENTRAL não deve renovar o programa de intervenção no câmbio, previsto para acabar em 31 de dezembro. Investidores já começam a se ajustar para a possibilidade do fim do programa, aumentando a posição na moeda americana no mercado futuro.

    Para analistas, é necessário uma desvalorização maior do câmbio para ajustar o déficit em conta corrente, que somou US$ 8,1 bilhões em outubro, pior resultado para o mês desde 1980, segundo dados divulgados ontem pelo BC.

    Hoje esse déficit não é mais coberto integralmente pelo Investimento Estrangeiro Direto (IED), passando a ficar mais dependente do ingresso de recursos para portfólio, que é mais volátil. Apesar da entrada de US$ 4,133 bilhões para renda fixa em outubro, o fluxo para esses ativos em novembro estava negativo em US$ 519 milhões.

    A menor entrada de capitais no Brasil já se reflete no fluxo cambial de novembro. No mês, até o dia 20, o fluxo cambial está negativo em US$ 2,1 bilhões. “Os estrangeiros chegaram a vender um pouco de títulos públicos no início do mês, mas neste momento estão parados, não há muita entrada, nem saída”, afirma o executivo da tesouraria de um Banco estrangeiro.

     

    Fonte: Valor Econômico

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