Dólar sob pressão das urnas

    Fuga de investidores leva moeda norte-americana a subir para R$ 2,41, a maior cotação em sete meses

    O cenário eleitoral voltou a ditar os rumos do mercado financeiro ontem, com investidores batendo em disparada do país após nova pesquisa de intenção de votos mostrar a presidente Dilma Rousseff (PT) pela primeira vez à frente da ex-senadora Marina Silva (PSB) na simulação de segundo turno. O temor de que a oposição não vença a candidata petista à reeleição provocou nova escalada do dólar, que alcançou o maior patamar em sete meses. A moeda norte-americana subiu 0,54%, cotada a R$ 2,408 para a venda, depois de bater em R$ 2,41.

     

    No confronto entre 34 moedas, o real foi a que registrou a maior perda frente o dólar, conforme frisou o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini. Para ele, as cotações em alta refletem o colapso de confiança que atinge boa parte dos investidores internacionais, atônitos diante do baixo crescimento econômico do país. A previsão mais recente do mercado financeiro é de que o Produto Interno Bruto (PIB) avance só 0,3% este ano, pior desempenho desde a recessão de 2009. “Não há nada que justifique, no front externo, queda tão expressiva da bolsa e perdas tão expressivas do real frente ao dólar”, disse.

     

    Ontem, a Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) fechou em queda pela quinta vez seguida, com recuo de 0,49%, para a 56.540 pontos, menor patamar desde 14 de agosto. O mesmo pessimismo tomou conta dos principais pregões mundiais, com investidores assimilando más notícias, sobretudo as vindas da Europa, que ainda não conseguiu engatar uma retomada econômica.

     

    As bolsas europeias e dos Estados Unidos registraram recuos. Só Nova York caiu 0,68%. Ainda assim, foram perdas tímidas perto do que se ensaiou no Brasil ontem. Nas mesas de operação de bancos e corretoras, reinava a frustração de ter de avaliar como ficará a economia num segundo governo Dilma.

     

    Estatais

    Um corretor disse, sob condição de anonimato, que, se nada for feito para mudar a política econômica atual, é grande o risco de que as ações das principais companhias listadas no pregão sofram perdas monumentais a partir de 2015. Para não amargar prejuízos futuros, os investidores decidiram vender os ativos.

     

    As empresas que mais sofrem com essa desconfiança são, essencialmente, as companhias cuja atuação está mais sujeita a interferências da política econômica, sobretudo bancos e estatais como Petrobras e Eletrobras. Não por acaso, os papéis dessas empresas lideraram as perdas ontem. “Faltam só 11 dias para as eleições, então é grande o fator adicional de incerteza política”, assinalou Agostini.

     

    Fonte: Correio Braziliense

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