Dólar volta a subir e encosta em R$ 3,90

    O dólar encerrou o último pregão de novembro em forte alta, em meio à piora do cenário político e fiscal, além do aumento das preocupações com os desdobramentos das turbulências que atingem o BTG Pactual. No domingo, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, decidiu alterar a prisão do controlador do banco, André Esteves, de temporária para preventiva.

    A moeda americana subiu 1,68%, para R$ 3,8854, maior patamar desde 28 de outubro. Com isso, o dólar encerrou novembro com alta de 0,63%, acumulando valorização de 46,09% no ano.

    O mercado futuro de juros acompanhou o câmbio e as taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) avançaram na BM&F. O DI para janeiro de 2017 subiu de 15,69% para 15,8%, enquanto o DI para janeiro de 2021 avançou de 15,9% para 15,95%.

    Ontem a BM&F chegou a suspender temporariamente as negociações no mercado futuro de dólar e outros derivativos cambiais, cujas cotações ficaram paralisadas das 11h15 às 12h10. Segundo a bolsa, a suspensão das negociações decorreu de problemas técnicos.

    A disputa pela taxa Ptax, que será utilizada na liquidação dos contratos de derivativos cambiais que vencem hoje, contribuiu para conter a alta da moeda americana ontem pela manhã. Passado o fechamento da Ptax, a moeda ampliou a alta, chegando a ser negociada a R$ 3,9228 na máxima intradia, recuando após o leilão de rolagem de US$ 2,7 bilhões em linha de dólar com compromisso de recompra realizado ontem pelo BC.

    O fato de ainda não ter conseguido aprovar a revisão da meta de superávit primário para este ano levou o governo a anunciar ontem o corte de R$ 11,2 bilhões em despesas discricionárias. O contingenciamento total do Executivo pode atingir R$ 89,6 bilhões em 2015. O governo reportou ontem déficit de R$ 11,53 bilhões do setor público consolidado em outubro, o que elevou o déficit em 12 meses para 0,71% do PIB.

    Além das incertezas em relação ao cenário fiscal, aumentaram as preocupações com os próximos passos a serem dados pelo BTG Pactual. Para Arnaldo Curvello, diretor de gestão de recursos da Ativa Corretora, o fato de o BTG não ser um banco de varejo contribui para controlar os passivos de forma mais eficiente. “Não acho que tem um risco de solvência para o sistema financeiro no curto prazo. O que tem é uma reavaliação de risco e uma crise de confiança generalizada”, diz.

    Os números do fluxo cambial a serem divulgados na próxima quarta-feira podem confirmar a percepção do mercado de um fluxo mais moderado. Na terceira semana do mês, o fluxo financeiro – por onde passam investimentos em portfólio – foi positivo em US$ 1,213 bilhão, pequena desaceleração ante superávit de US$ 1,452 bilhão da semana anterior.

    “É difícil o estrangeiro ficar alheio a isso tudo. Existe um ruído político forte e está claro que uma situação política pior significa um cenário fiscal pior”, diz o estrategista de um banco estrangeiro em Nova York. “O humor sobre o Brasil continua contaminado”, acrescenta.

    Nesta semana, técnicos da agência Standard and Poor´s desembarcam no Brasil para avaliar as contas públicas.

     

    Fonte: Valor Econômico

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