Editorial Econômico: Selic em queda ajudou captação das cadernetas

    A queda da Taxa Básica de Juros – de 14,25% ao ano até setembro de 2016 para 9,25% ao ano desde a reunião de julho do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) – contribuiu para a captação líquida das cadernetas de Poupança registrada a partir do segundo trimestre. Mas um teste para as cadernetas virá nos próximos dias, caso se confirme novo recuo de um ponto porcentual na taxa Selic, para 8,25% ao ano. Com a Selic abaixo de 8,5% ao ano, as cadernetas passam a receber um juro menor do que 0,5% ao mês.

    Só os depósitos efetuados até hoje, portanto, terão assegurada a remuneração de 0,5%. Esta parece baixa, se comparada ao comportamento dos Juros nos últimos anos, mas tem sido suficiente nos últimos meses para cobrir a inflação oficial e deixar um pequeno ganho real para os investidores na mais fácil modalidade de aplicação disponível para quaisquer valores.

    Os números da Poupança até 31 de agosto devem ser divulgados hoje e é provável que eles indiquem novo resultado favorável. Neste ano, até julho, a média de captação do último dia do mês foi de RS 24 bilhões. E se esse valor se confirmar haverá um saldo líquido positivo apreciável em agosto. A Caixa Econômica Federal (CEF), maior agente do crédito imobiliário, já registrava captação líquida em 2017 de R$ 944 milhões, num período em que o conjunto dos agentes financeiros desse mercado ainda tinha perdas.

    A remuneração das cadernetas é dada pela Taxa Referencial (TR), que foi de apenas 0,0509% em agosto e serázero a partir deste mês, mais Juros. A remuneração de um depósito de Poupança feito até hoje será de 0,5% nos próximos 30 dias, passando a ser de 70% da Selic para os depósitos feitos a partir de amanhã, se se confirmar a queda da Selic. Com a Selic a 8,25% ao ano, a remuneração anual da caderneta será de 5,77%.

    A renda baliza a captação das cadernetas, cujos recursos se destinam, na proporção mínima de 65%, para financiar a moradia. São recursos relevantes para o crédito e para seu custo que tende a cair com a queda da renda das cadernetas. Estas ainda são, ao lado do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), os mais relevantes instrumentos de captação de recursos para financiar a habitação. A questão é saber até quando isso ocorrerá, pois a demanda de recursos deve superar a oferta.

    Fonte: O Estado de S. Paulo

    Matéria anteriorGoverno quer fim de ‘golden share’
    Matéria seguinteDinheiro como o de Geddel pode vir do tráfico ou de roubo a transportadoras