Escândalo derruba secretário de Haddad

    A “MESADA” DO SECRETÁRIO

    Fiscal suspeito de integrar a máfia da propina na prefeitura paulistana acusa aliado de Haddad de receber R$ 20 mil mensais para manter o esquema. Petista deixa o cargo após denúncia

    PAULO DE TARSO LYRA

     

    Homem forte da gestão de Fernando Haddad (PT) até deixar o cargo, no início da tarde de ontem, o petista Antonio Donato é acusado pelo ex-auditor-fiscal da prefeitura de São Paulo Eduardo Horle Barcellos de receber R$ 20 mil mensais entre dezembro de 2011 e setembro de 2012. A acusação foi feita ontem por Barcellos durante depoimento de oito horas ao Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP). O ex-auditor é um dos presos na Operação Necator, que investiga a máfia suspeita de desviar da prefeitura paulistana o pagamento do Imposto sobre Serviços (ISS). A estimativa é que mais de R$ 500 milhões tenham sido desviados.

    Donato deixou o cargo de secretário de Governo de Haddad por não resistir às denúncias de envolvimento com os fiscais presos na operação da Polícia Civil paulista. Além de demonstrar intimidade com o petista — inclusive insinuando um pedido de ajuda direta ao homem forte da gestão Haddad —, um dos acusados comenta sobre supostas doações para a campanha de Donato a vereador em 2008.

    No depoimento ao MP-SP, Barcellos, que fechou acordo de delação premiada, declarou que os pagamentos feitos ao petista serviam como uma garantia de que o esquema permaneceria vigente caso o PT vencesse a disputa municipal. O auditor fiscal disse que jamais contou a Antonio Donato, coordenador da campanha de Haddad em 2012, que o dinheiro era proveniente de propina. Barcellos e outros três servidores chegaram a ser presos no fim de outubro, suspeitos de participação nos desvios, mas já foram libertados.

    Segundo a assessoria de imprensa de Donato, as acusações são mais uma tentativa de desviar o foco da investigação, que está centrada na gestão passada, de Gilberto Kassab (PSD), para atingir a atual administração municipal.

    Defesa
    Em entrevista coletiva no início da noite de ontem, Haddad defendeu Donato, mas disse que a demissão foi necessária para não atrapalhar as investigações. “Eu olho para os ganhos éticos e morais que a cidade vai ter. Não posso impedir o curso das investigações em função de outros episódios que podem afetar a vida política da cidade”, comentou.

    No entanto, o prefeito deixou claro que a guerra política travada com Kassab está longe de acabar. Após perder seu homem forte, o petista voltou à artilharia para o antecessor e afirmou que o ex-secretário de Finanças da capital paulistana Mauro Ricardo também terá de prestar esclarecimentos. Atualmente, Mauro Ricardo, que trabalhou com Kassab e é ligado a José Serra (PSDB), é secretário de Finanças do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM).

    Dilma é prioridade, diz Falcão, reeleito no PT
    A Secretaria Nacional de Organização do PT anunciou, na tarde de ontem, a reeleição de Rui Falcão para um novo mandato de quatro anos à frente do partido. Ele obteve 236.879 votos (70,16%) após a apuração de 78,86% das urnas. Os números finais serão divulgados hoje. Em entrevista coletiva, o dirigente declarou que a prioridade será a reeleição da presidente Dilma Rousseff em 2014. “A principal tarefa é a reeleição da presidente Dilma, para que ela possa fazer avançar ainda mais as conquistas que tivemos desde o presidente Lula”, discursou Falcão. (Felipe Seffrin)

     

    Fonte: Correio Braziliense

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